Critérios de distribuição de vacinas contra Covid deixam Norte e Nordeste para trás

Baseada no Programa Nacional de Imunizações (PNI), a distribuição federal de lotes da vacina contra a Covid-19 a estados utilizou critérios que levaram unidades federativas do Norte e Nordeste a receberem proporcionalmente menos imunizantes em relação  às suas populações. O levantamento foi feito pelo Portal UOL e divulgado neste domingo (8). 

A partir da logística adotada pelo Ministério da Saúde para distribuir os lotes, os estados do Norte e Nordeste ficaram para trás no percentual de pessoas vacinadas com primeira e segunda doses até o momento.

O levantamento cruzou dados oficiais da pasta sobre as doses enviadas até 2 de agosto com a população das 27 unidades da Federação e encontrou uma grande disparidade: o líder, São Paulo, recebeu 57% mais doses do que o Amapá, em último no ranking, por exemplo.

Segundo os dados, até o dia 2, São Paulo recebeu pouco mais de 46 milhões de doses, ou o equivalente a 1,04 para cada habitante. Já o Amapá teve direito a 861 mil, ou apenas 0,66 por morador.

Com mais doses em média, São Paulo já conseguiu imunizar 60,3% da população com a primeira dose, dez pontos percentuais a mais do que a média nacional. Já o Amapá tem apenas 36%. Os dados são do consórcio de imprensa, do qual o UOL faz parte, coletados junto às secretarias estaduais de Saúde.

Correção da disparidade

O Ministério da Saúde afirma que a disparidade na distribuição pode ser explicada, em parte, pelo PNI, que considera focar mais doses em unidades com maiores grupos prioritários. Assim, estados com mais idosos ou profissionais de saúde, por exemplo, foram priorizados.

Após o fim da vacinação desse público prioritário, porém, entre o final de maio e o início de junho, o Ministério da Saúde ainda não havia feito uma distribuição para igualar o ritmo da vacinação.

O novo critério do órgão foi definido na reunião da Comissão Intergestores Tripartite. O documento define o novo cálculo, que não considera grupos prioritários, mas “toda a população ainda por vacinar com idade decrescente até a idade de 18 anos daquele estado”.

A definição de distribuição com o novo critério ocorreu no último dia 29 de julho, quando houve o anúncio da “reorganização da Campanha Nacional de Vacinação contra a Covid-19, na qual se definiu que a distribuição das doses adotaria o critério por faixa etária”.

No informe técnico repassado aos gestores, a Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 informa que o objetivo da medida é “equiparar a cobertura vacinal dos estados de acordo com a população”.