Quase 80 policiais militares estão afastados das ruas por conta de transtornos psicológicos na Bahia

Neste domingo (4), completa uma semana que o soldado da Policia Militar Wesley Soares Góes, 38 anos, teve um surto e morreu após atirar contra os colegas que  negociavam sua rendição na orla do Farol da Barra. O ato ocorrido alerta para o estado psicológico dos policiais militares  De acordo com dados da Polícia Militar fornecidos ao Portal M!, 79 policiais militares estão no serviço burocrático ou afastados do serviço por conta de transtornos mentais.

A função do policial militar está entre as mais perigosas e o peso do temor do embate contra criminosos e a morte podem ser fatores que levam o militar a um estado de surto psicótico e/ou até cometer suicídio.

Há outros fatores aos quais PMs estão expostos e que podem também estar ligados pela rigidez hierárquica, que faz com que os agentes escondam o problema de seus superiores.

Apoio

Ainda segundo a corporação, o Departamento de Saúde tem um psiquiatra atuando e mais dois em estágio de formação de oficial do quadro de saúde.

A Polícia Militar da Bahia ainda afirmou que oferece atendimento psicológico em todas as grandes cidades do Estado da Bahia, por meio do Departamento de Promoção Social (DPS). No momento, são 50 psicólogos (contando com os 20 contratados recentemente no regime Reda, pelo Governo do Estado) que fazem palestras preventivas e atendimentos de demandas pessoais e ocupacionais.

Em entrevista ao M!, um policial militar, que pediu anonimato, disse que a pressão psicológica aumentou ainda mais neste período de pandemia.

“Não quero falar sobre política. Não quero apontar culpados. Apenas ressalto que nossa corporação vive à margem do medo. Nossos guerreiros saem de casa sem saber se retornarão ao seio familiar. A criminalidade aumentou consideravelmente. Armamentos pesados, organização do crime e nós? Nós seguimos regras. Então precisamos de um apoio cada vez maior. Somos heróis, mas não somos de aço”, desabafou.

O Departamento de Saúde (DS) da PM, que funciona na Vila Policial Militar do Bonfim (VPMB), e oferece atendimento psicológico aos policiais militares e seus dependentes diretos (cônjuges e filhos), através do centro de reabilitação profissional que conta com quatro psicólogos. As sessões são presenciais e ocorrem uma vez na semana. As marcações são realizadas através do telefone 3116-6384.

Durante o período de março a setembro de 2020, em virtude da pandemia e com a suspensão de atendimentos presenciais, os atendimentos passaram a ser realizados por telefone, contudo em outubro de 2020 os atendimentos presenciais foram retomados.