ARTIGO: Gênero, diversidade e a história no ensino médio*

A disciplina história no ensino médio é uma peça fundamental na fomentação de sujeitos críticos e reflexivos, que possam ter a capacidades de entender as experiências sociais como um processo dinâmico e múltiplo, sujeito às relações de poder sobre o gênero, diversidade e inclusão. A disciplina possibilita expectativas de aprendizagem, que mediam o desenvolvimento de […]


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Ana Cristina 16/04/2020 08:00 Artigos

A disciplina história no ensino médio é uma peça fundamental na fomentação de sujeitos críticos e reflexivos, que possam ter a capacidades de entender as experiências sociais como um processo dinâmico e múltiplo, sujeito às relações de poder sobre o gênero, diversidade e inclusão. A disciplina possibilita expectativas de aprendizagem, que mediam o desenvolvimento de mecanismo de leituras do mundo na qual vivem “de se orientar no tempo, considerando as relações sociais no presente a partir da compreensão do passado e de construção de perspectivas em relação ao futuro” (BITTENCOURT, 2009, 96).

Desta maneira, os aspectos que envolvem o gênero e a diversidade representam um dos desafios
no ensino de história na atualidade. Isso porque as implicações legislativas, assim como das
manifestações sociais e culturais, caracterizam-se como elementos históricos que constituem as
desigualdades sociais e falta de acesso aos direitos. Entretanto, ainda é preciso trilhar um caminho
problematizador nas relações de gênero e diversidade. 

Nesta acepção, gênero e diversidade dentro do ensino de história torna-se um conteúdo histórico, cultural e político, que expressa relações de poder, possibilitando ainda discutir categorias, como raça, classe ou etnia (Zarbato, 2015).

Com esse princípio problematizador, propiciado pela disciplina de história, acerca das relações
de gênero e diversidade mediam-se implicações investigativas sobre o passado e interpretações e
reinterpretações sobre o presente dessas categorias de análises sociais, desvelando as contribuições os mesmos gerenciam para a formação de um indivíduo que respeite as diferenças e preze pela existência do outro. Aponta Louro (2008, p 70) que ampliação do conhecimento sobre “diversidade de arranjos familiares e sociais, a pluralidade de atividades exercidas pelos sujeitos, o cruzamento das fronteiras, as trocas, as solidariedades e os conflitos são comumente ignorados ou negados”.

Não se pode negar a relevância de problematizar gênero e diversidade na aula de história
do ensino médio, o que pode trazer experiências aos jovens e adolescentes. Tais experiências podem perpassar subjetividades, concepções, grupos culturais, espaços e representações sociais,
possibilitando o rompimento, superação ou debate sobre os “discursos homofóbicos, segregacionistas, preconceituosos sobre as pessoas, suas escolhas e as diferenças sociais e culturais” (COSTA; RODRIGUES; PASSOS, 2011, p. 40).

Neste sentido, por meio das aulas de história é possível que o educador, em um olhar histórico,
denote aos alunos a invisibilidade histórica da mulher e das minorias sexuais e gênero ao longo do
tempo dando enfoque de como esta questão perpetuou comportamentos na sociedade atual.

Neste sentido, a fundamentação sobre as diferenças sexuais, a representação de gênero e das “explicações sobre a invisibilidade das mulheres e diversidades se fazem necessárias não só como tema a ser abordado na aula de história, mas também como parte fundamental da concepção de mundo que os sujeitos apreendem sobre gênero” (SILVA, 2007, p. 69).

É necessário salientar que dispositivos legais como Parâmetros Curriculares Nacionais de
história preveem a obrigatoriedade de inserção de temas como gênero e diversidade como transversais, permitindo na prática abertura para aulas que contenham abordagem sobre este conteúdo, seus sujeitos, espaços e histórias. Entretanto, as relações de gênero, diversidade e ensino de história no ensino médio na qual se pretende neste estudo, vislumbrar ultrapassar esta temática como apenas transversal, tornando um conteúdo aprofundando dentro da disciplina, realizando articulação conteúdos curriculares da mesma enfatizando “as diferentes possibilidades de ver o mundo, compreendo o diferente em sua singularidade, sua subjetividades, escolhas e não como exótico e estranho” (GANDELMAN, 2008, p. 79).

Portanto, pelas aulas da disciplina de história é possível problematizar as relações de gênero e
diversidade, desconstruindo estereótipos, fundamentando novas formas de refletir as novas relações sociais na sociedade atual, e “que inserem nas mentes e corpos das pessoas, das sexualidades, significados para suas trajetórias, num processo histórico de reformulação de conceitos e pré-conceitos” (MINELLA, 2009, p. 22).

Desta forma, o ensino da história pode tecer diálogos entre espaço-tempo da história e suas
agentes, trazendo à tona contribuições e silenciamentos das relações de gênero e diversidade ao longo da história. Assim, as discursões sobre as diferentes formas dos sujeitos de se encontrarem e serem no mundo podem ser implementadas com os educandos, produzindo, assim, conhecimentos que conduzam os mesmos a fomentar uma nova ótica sobre estas questões e realidade (LOURO; FELIPE; GOELLNER, 2008).

Diante disso, uma postura mais dialética sobre o ensino de história e o conteúdo de gênero e
diversidade no ensino médio fortalecem o processo de rompimento com o processo histórico
legitimador das concepções acerca das “normatizações e padrões de comportamento entre homens e mulheres, carregam ainda, na sociedade, diferentes estigmas para aqueles que não se enquadram no modelo patriarcal” (COSTA; RODRIGUES; PASSOS, 2011, p. 13). 

Seria, neste caso, o ensino de história e demarcação de um espaço pedagógico e didático a serviço do conhecimento para o respeito à diversidade humana em todas as suas esferas e dimensões e no fortalecimento das novas maneiras de entender o gênero.

Portanto, a mediação de conteúdos que abordem gênero e diversidade no ensino de história nesta etapa do ensino é uma oportunidade de fortalecer o processo de tolerância e respeito ao diferente, trazendo ao processo educativo elementos de entendimento sobre os processos históricos que atingiram e reverberarão consequências e padrões em sujeitos, discursos e estruturas sociais, auxiliando na formação de uma sociedade que valorize a diversidade e combata os preconceitos e discriminações.

*Ramon do Rosario Coelho – historiador e professor

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