Lanças de aço instaladas em canteiro de restaurante na Graça geram polêmica; vereadora denuncia

Desenvolvida para muros de imóveis,  a lança protetora de aço, tem o objetivo de causar segurança aos proprietários contra furtos e arrombamentos. Geralmente é instalada em uma distância de dois metros do chão, para evitar acidentes com pedestres, crianças e animais diversos, mas em Salvador, mais precisamente no Mignon Restaurante e Buffet, localizado no bairro da Graça, aconteceu diferente. 

O estabelecimento instalou as lanças no canteiro de entrada, em baixa altura, o que oferece risco para os pedestres que transitam na proximidade. O caso foi denunciado pela vereadora da capital da Bahia, Maria Marighella (PT), no Instagram, que tomou conhecimento após internautas a comunicarem da situação pelas redes sociais. 

“A medida serve não apenas para afastar pessoas e usos “indesejados”, como está disposta em altura suficiente para oferecer risco evidente a crianças, pessoas com deficiência ou quaisquer outros transeuntes desavisados”, publicou a vereadora no Instagram. 

Reprodução/ redes sociais

Segundo ela, estratégias deste tipo, adotada pelo Mignon não são novas. Ela classifica a situação como um projeto higienista que violentamente empurra para as margens aqueles que não podem consumir ou produzir capital. “[…] Denúncias anteriores dão conta de ações similares: piquetes, pedras e bolas de cimento no viaduto do Politeama e na Av. Sete Portas, por exemplo, são outros tipos de alterações físicas sem justificativa urbanística – que não apenas interdita e afastar dos espaços o uso por populações “indesejadas””, prosseguiu no texto. 

Maria Marighella é vereadora de Salvador

A petista ainda fez uma provocação sobre as permissões que a cidade oferece para a realização de intervenção “tão violenta”.  “A quem interessa este modelo de cidade que, em troca de uma suposta preservação do patrimônio privado, coloca em risco a vida das pessoas? Não podemos naturalizar a existência de elementos que expulsam as pessoas dos espaços da cidade ao invés de acolhê-las”, disse na legenda da rede social.

De acordo com Marighella, a Prefeitura de Salvador não pode permitir o uso irregular de objetos pontiagudos, defensas e outros nas edificações e espaços públicos da cidade. 

“São cicatrizes na paisagem, que não só revelam a inabilidade para tratar a miséria em Salvador, como o ódio e falta de acolhimento às pessoas que habitam o espaço público – em especial aquelas em situação de rua, a quem são negados direitos básicos”. 

Ela finaliza o texto informando que irá tomar  providências cabíveis para apuração de autoria e reversão de tais ações.

O Portal M! procurou a Prefeitura de Salvador para entender as permissões desse tipo de instalação e quais medidas serão tomadas para proteger os pedestres que circulam nas proximidades do restaurante. Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (Sedur) informou que  vai enviar uma equipe ao local para avaliar a situação e tomar as medidas necessárias.