Vixe! Jerônimo avança na atração de investimentos. Faltam projetos e planejamento ao governo. A passagem discreta de Geraldo e a batata quente da sucessão de Salvador

A passagem discreta de Geraldo 

A segunda passagem do vice-governador Geraldo Júnior (MDB) como governador interino da Bahia foi considerada “bastante discreta” por figuras de proa do governo estadual. Com a viagem do governador Jerônimo Rodrigues (PT) para os Emirados Árabes e Alemanha, Geraldo assumiu o comando da máquina do estado e aproveitou o período para cumprir uma extensa agenda de eventos institucionais.

Geraldo Júnior

Despacho na Governadoria 

Na parte administrativa, Geraldo continuou atendendo da sala dele, que fica no segundo andar do prédio do COI, e poucas vezes foi ao terceiro andar, aonde despacha o governador. A informação, vinda da própria Governadoria, é que as únicas vezes que o vice foi para o terceiro andar, foi para se reunir com o secretário Adolpho Loyola e com Marina Mazzei, secretária de Jerônimo, para tratar da agenda.

Orgulho e preocupação 

A ida do governador Jerônimo Rodrigues para o Oriente Médio, para participar da 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 28), ao lado do presidente Lula, enche de orgulho os apoiadores e admiradores do seu governo, mas traz também preocupação para a cúpula da sua gestão na Bahia. Essa é a segunda viagem internacional do governador, desde a sua posse em janeiro. Após passagem pelo Oriente Médio, ele participou do Fórum Empresarial Brasil-Alemanha, em Berlim, onde apresentou oportunidades de negócios e o potencial da Bahia para a produção de energias renováveis.

Jerônimo Rodrigues em Dubai

Falta planejamento, faltam projetos

Apesar de movimentos considerados “extremamente positivos”, por indicar a vinda de novos investimentos e de capital estrangeiro para a Bahia, o cenário é de preocupação para a cúpula governista. Publicamente ninguém fala sobre o assunto. Já nos bastidores, o clima é de preocupação. Isso porque os aliados do governador, e até mesmo integrantes da cúpula do PT, admitem que falta um maior planejamento nas ações do estado. A sensação que se tem é que o governador ainda não incorporou uma rotina de planejamento na gestão, tão necessária para o bom desempenho da máquina estadual. Faltam projetos, falta planejamento. 

Ritmo intenso 

Teve um dirigente de um partido aliado que chegou a dizer ao Portal M! que o governador é impecável na condução política, mas que precisa de um gerentão para ajudá-lo no seu governo. “Ele chegou, chegando, imprimindo um ritmo intenso de trabalho, trabalhando próximo às cidades, sempre preocupado com a população. Mas é necessário planejar o governo e azeitar as ações das secretarias. Só não dá pra continuar nesse ritmo ‘correria’, sem sentar para planejar os próximos passos, conversar ou estruturar melhor os anos futuros do seu governo”, como admitiu o integrante do Conselho Político.

Jerônimo em Vitória da Conquista

Fazer melhor que Rui 

No próprio governo, há uma corrente interna que defende que o governador deveria estar focado, nesse primeiro ano, não só em fazer mais, mas em fazer melhor do que seus antecessores fizeram. “A pergunta que tem que ser respondida é o que precisamos fazer para melhorar a qualidade dos serviços prestados para o cidadão. O que precisa ser feito para retirar os gargalos da saúde? As escolas em tempo integral são as únicas ferramentas para melhorar a educação na Bahia?”, questionou um secretário, que transita com desenvoltura pela Governadoria.

Rui Costa e Jerônimo Rodrigues

Carteira de projetos de Rui 

Outro dirigente partidário chegou a falar que a “carteira de projetos” do governo Rui Costa está sendo usada e já já será finalizada. Na saúde, por exemplo, o entendimento é que as duas últimas Policlínicas serão inauguradas e não há uma perspectiva do que será apresentado depois para o setor. O Planserv não avança. A central de regulação idem, segue com dificuldades”, como admitiu o dirigente partidário. 

Rui Costa na inauguração de uma policlínica

Jerônimo precisa de um gerentão 

Há quem diga que o governador Jerônimo precisa agora de um gerentão, estilo Rui Costa ou Eva Chiavon, no seu governo. O entendimento, segundo as pessoas ouvidas pelo Portal M!, é que é preciso ter um nome que ajude o governador a azeitar a máquina estadual, que una as pontas das secretarias e órgãos públicos, que cobre soluções e respostas para as demandas da população.

Eva Chiavon

Não pode depender só de Lula 

A maior preocupação é que, daqui a três anos, o governo Lula não esteja navegando no mar de brigadeiro, como esperado, e isso prejudique a reeleição do governador na Bahia. “Por isso, tentamos conversar internamente sobre o assunto, para que Jerônimo perceba que ele precisa de um gerentão para ajuda-lo a tocar a máquina, justamente, para ele poder fazer o que mais gosta, que é estar nas ruas, nos braços do povo, ouvindo a população”, como opinou uma figura de proa do PT.

Jerônimo Rodrigues e o presidente Lula

Sinal de alerta acendido

O sinal de alerta foi acendido na cúpula do governo, justamente, devido à proximidade com o final do ano. “Ainda faltam pouco mais de três anos de gestão. A hora de aparar as arestas e alinhar os próximos passos do governo se faz necessária e é importante que aconteça agora, justamente para podermos avançar sem percalços e sem ficar tão vulneráveis”, como disse um secretário estadual. 

A culpa não é da comunicação 

Ao conversar com pessoas do próprio governo, é possível perceber a tentativa de “culpar” a comunicação pelas fragilidades da gestão estadual. Um integrante do primeiro escalão, inclusive, afirmou que o secretário André Curvello toca com eficiência a área na Bahia e não pode ser “culpado” pela falta de planejamento estadual. Até porque, a comunicação só comunica o que tem para mostrar. 

André Curvello

E o planejamento? 

Já outro integrante do governo aproveitou para questionar o trabalho do secretário de planejamento, Cláudio Peixoto. “Área sensível e importante de qualquer governo, mas que aqui não tem pensado o Estado, não faz um planejamento estratégico nem discute a busca de avanços para a população através da tecnologia”, como completou a fonte da Coluna Vixe! 

Cláudio Peixoto

A batata quente da sucessão

A chegada do governador Jerônimo Rodrigues à Bahia reacende o debate sobre a escolha do candidato do seu grupo para a disputa pela prefeitura de Salvador. A expectativa é que o governador reúna seu conselho político nos próximos dias para avançar nessa definição. Pessoas próximas a ele dizem que o o caminho hoje é para deixar a escolha do postulante a cargo dos próprios partidos políticos.

Jerônimo com seu conselho político

Duas candidaturas 

Caso esse cenário se concretize, a estratégia de candidatura única se esvai, favorecendo duas candidaturas da base na capital baiana. A dúvida é se o candidato da Federação, Robinson Almeida, marchará sozinho ou se vai disputar com o vice-governador Geraldo Júnior, que aparentemente, segue firme, na tentativa de se viabilizar.

Robinson Almeida e Geraldo Júnior