Vixe! Atuação de Caetano causa mal-estar na campanha. A escolha de Ana Coelho na vice incomodou. E mais, até onde vai o poder de Bolsonaro na Bahia?

A real função de Caetano 

Apoiadores do candidato do PT, Jerônimo Rodrigues, disseram nos últimos dias que um dos maiores problemas da base governista é entender a real função do ex-secretário estadual de Relações Institucionais, Luiz Caetano, na campanha eleitoral. Políticos com mandato e dirigentes partidários questionam o fato de o ex-prefeito de Camaçari estar atuando “com força” para eleger a esposa Ivoneide Caetano como deputada federal. Os dirigentes de partidos da base chegaram a afirmar que ele seria um ótimo coordenador da campanha de Jerônimo, caso não tivesse interesse pessoal na disputa. 

Mal-estar com os federais governistas 

Pelo que um deles comentou, nenhum deputado federal governista se sente confortável para discutir os rumos da campanha com Caetano. Alguns chegam a dizer que os interesses enviesados do veterano petista atrapalham na definição das estratégias necessárias para o fortalecimento de Jerônimo tanto na capital quanto no interior. Tem até mesmo um deputado federal do PT contrariado com Caetano, por ter presenciado ele pedindo votos para a esposa durante um evento de campanha com uma liderança que apoia seu mandato. O tempo fechou entre eles. 

Luiz Caetano 

Disputa viciada e ciumeira na base 

Outros dirigentes partidários engrossaram o coro ainda ao afirmar que a disputa pode estar viciada na base governista, já que os três nomes da chapa majoritária também têm interesses pessoais por terem como candidatos pessoas dos seus núcleos familiares. Jerônimo, por exemplo, disputa o governo, mas tem a irmã Marta Rodrigues como candidata a deputada federal. O candidato a vice Geraldo Júnior tem o filho Matheus Ferreira disputando uma vaga na Assembleia Legislativa. Já o atual senador e candidato a reeleição, Otto Alencar, tem o filho Otto Alencar Filho disputando a reeleição para a Câmara Federal. “Ou seja, dos candidatos a coordenador, todos parecem ter interesses que se sobrepõem aos interesses do grupo”, como completou outro dirigente de partido da base governista. 

Jerônimo e Marta

Rui nunca deixou parentes na disputa 

Outro ponto para o qual um deputado governista chamou a atenção foi o fato de o governador Rui Costa nunca ter deixado parentes seus se lançarem na disputa eleitoral. Um parlamentar lembrou que Rui chegou a vetar a própria irmã, que nutria o desejo de disputar uma vaga de deputada, mas foi impedida pelo governador na última eleição. “Rui sempre entendeu que esse movimento abriria margem para questionamentos na base”, disparou outro governista. “O governador chegou a chamá-la e pediu que ‘tirasse o cavalinho da chuva’ para não atrapalhar a disputa”.

Rui Costa 

Cada um cuidando do seu 

O entendimento na base é que a candidatura de Jerônimo, que nasceu de baixo com a perspectiva de crescer, precisaria contar com o apoio irrestrito e confiança de todos. “O problema é que dentro da própria base há desconfiança, pois o que se percebe é que muitos têm cuidado do seu e esquecido do coletivo”, criticou um deputado estadual do PSD. 

Jerônimo Rodrigues

Escolha de Ana Coelho incomodou

Pelo visto, a escolha da candidata a vice de ACM Neto, a empresária Ana Coelho, incomodou bastante o núcleo duro da campanha do PT na Bahia. Por mais que tentem desmerecer a escolha, o fato é que Ana Coelho agrega e muito na chapa majoritária do União Brasil. Empresária de sucesso, ela tem o perfil de empreendedora e é uma defensora intransigente do papel das mulheres nos espaços de poder (públicos ou privados). No entorno do candidato ACM Neto o que se diz é que a campanha petista “sentiu o golpe”, sobretudo, por ter uma chapa só de homens e de veteranos da política. 

ACM Neto e Ana Coelho

Indicação questionada 

Tanto é que o núcleo de campanha do PSOL, apontado como braço radical do PT, já entrou com uma ação no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-BA), na segunda-feira, pedindo a impugnação da candidatura de Ana Coelho, filiada ao Republicanos. O candidato Kleber Rosa questiona a elegibilidade da empresária, que aparece ainda como sócia e administradora da TV Aratu. Na ação, o PSOL diz que Ana não se desvinculou do cargo até a apresentação do pedido de impugnação e cita o fato de a emissora ter contrato milionário de publicidade com o governo estadual. 

Kleber Rosa

PT também quer acionar na justiça

O candidato do PSOL ressalta ainda que Ana Coelho “encontra-se em situação de inelegibilidade em relação às eleições 2022, pois deveria ter se desincompatibilizado seis meses antes do pleito”. Pelo que se comenta na seara governista, a campanha de Jerônimo Rodrigues também estuda fazer o pedido de impugnação da postulante à vice. Do lado de ACM Neto, seus aliados dizem que já era esperada a enxurrada de constatações jurídicas. “Acusaram o golpe. Sentiram o peso da chapa”, destacou um deputado do União Brasil. 

Ana Coelho

Ação será respondida na Justiça 

O próprio ACM Neto falou sobre o assunto ontem, durante ato que marcou o início de sua campanha na Igreja do Bomfim. “A ação será devidamente respondida na justiça eleitoral, estamos absolutamente tranquilos. Quando convidei Ana, tinha certeza quanto a sua elegibilidade. E posso assegurar que Ana não praticou nenhum ato que possa impedi-la de estar aqui neste momento. Vejo isso como atitude política, mais um ataque que tentam fazer a nossa candidatura, nossa campanha”, disse Neto. 

ACM Neto

Retaliação por ser mulher

A própria Ana Coelho disse ver o pedido como uma forma de retaliação pelo fato de ser mulher. “Posso dizer que já esperava. Eles [os opositores] estão fazendo de tudo para atacar a gente. E, principalmente, por um motivo: não querem ver uma mulher ocupando um espaço como este. A gente sabe como é difícil ocupar qualquer espaço de poder. Então, já esperava alguma retaliação por ser. Estou muito segura”, declarou, na saída da Igreja do Bonfim, onde o grupo deu a largada para a campanha eleitoral.

Falta preparo ao candidato 

Ainda repercute negativamente a participação do candidato do PT, Jerônimo Rodrigues, no primeiro debate realizado pela Band Bahia. O que se comenta na própria base governista é que o marketing da campanha errou na preparação do candidato. Jerônimo parecia não ter conteúdo e informação sequer das ações dos governos do PT. “O marketing moderno prepara estratégias e não dá para a pessoa o conteúdo suficiente para ela sustentar o debate”, como opinou um governista, ao enfatizar que Jerônimo já deveria estar tomando aulas intensivas sobre as ações dos governos, decorando dados, ganhando confiança na defesa do projeto, o que não tem acontecido. 

Jerônimo Rodrigues

Dificuldade de se tornar conhecido

Políticos que têm acompanhado o candidato do PT, Jerônimo Rodrigues, desde os PGPs – programas de governo participativo – são uníssonos ao falar que a maior dificuldade do candidato é se tornar conhecido até a eleição de outubro. O entendimento na própria base é que o ex-presidente Lula não tem mais a mesma força, apesar de ser o principal cabo eleitoral do estado. Conta favoravelmente também a boa avaliação do governo Rui Costa, “mas isso sozinho não tem a capacidade de embalar a candidatura petista, pois Jerônimo não é Rui e Rui não é Jerônimo. Basta lembrar que Paulo Souto tinha um governo bem avaliado e não conseguiu fazer o sucessor”, opinou um parlamentar do União Brasil. 

Jerônimo e Rui

Acessível e com bom trânsito 

Pesa favoravelmente para Jerônimo o fato de ser um político acessível e de bom trânsito entre os prefeitos da base. Isso seria uma forma de neutralizar a falta de preparo do candidato, que não estava pronto para entrar na disputa. O fato de Jerônimo ter coordenado a última campanha de Rui o colocou no lugar de destaque junto aos próprios aliados. Sempre conciliador, ele agora começava a colher os louros da própria forma de relacionamento com o mundo político. O candidato petista é conhecido como uma pessoa simples e que valoriza a relação pessoal com os outros. 

Até onde vai o poder de Bolsonaro

Uma incógnita que ainda ronda os núcleos de campanhas dos candidatos ao governo da Bahia é sobre o tamanho que o presidente Bolsonaro sairá do estado e a sua capacidade de transferência de votos para o seu aliado João Roma. Pelo que se comentar no PT, o presidente da República chegou ao teto do bolsonarismo radical baiano e não ultrapassa a casa dos 20%. A única forma de cresce e transferir votos para seu candidato, dizem, é se “o capitão” começar a se beneficiar com o impacto da PEC das Bondades, colhendo os frutos do aumento do Auxílio Brasil e do pagamento do benefício para caminhoneiros e taxistas. “Só assim para Bolsonaro crescer um pouco mais na Bahia”,disparou um ex-deputado do PT. 

João Roma e Jair Bolsonaro

Wagner e Rui mais uma vez estremecidos 

Voltaram a circular informações no CAB (Centro Administrativo da Bahia) de que a relação entre o governador Rui Costa e o senador Jaques Wagner estava mais uma vez estremecida. O fato é que o governador já começou a perceber que seu tempo à frente do governo está chegando ao fim e, pelo visto, isso tem interferido diretamente no seu humor. Não é a primeira vez que circularam informações sobre desavenças entre o criador e a criatura. Quem conhece Rui de perto diz que ele vai custar a aceitar o término do seu governo.

Jaques Wagner e Rui Costa