Vixe! A força do PT pode ampliar a vantagem na Bahia. O conservadorismo e o peso de Bolsonaro. E se Lula não ganhar? Jerônimo se complica

Problemas na campanha do PT

O resultado do primeiro turno da eleição para o governo da Bahia pegou até mesmo alguns governistas de surpresa. Por mais que houvesse otimismo na base, nem todos tinham acesso às pesquisas internas, que mostravam o crescimento acentuado do candidato Jerônimo Rodrigues, sobretudo nos últimos 15 dias. Já alguns deputados ligados ao Partido dos Trabalhadores dizem que o resultado só não foi melhor porque a disputa não foi finalizada no primeiro turno. E isso, devido ao fato de os governistas não terem conseguido ajustar o rumo e debelar problemas que existiam na própria campanha. Explico.

Descompasso no sul e a estratégia errada 

Um dos exemplos desse descompasso se deu na região sul do estado. A preocupação demasiada dos prefeitos de Ilhéus (Mário Alexandre) e de Itabuna (Augusto Castro), em eleger seus candidatos a deputado, teria dispersado os apoiadores da própria base governista. O entendimento é que a condução dos perfeitos acabou dividindo o esforço de atrair novos votos para Jerônimo, sobretudo, numa região em que o governador Rui Costa estava bem avaliado. “Não dá pra entender como foi possível terminar o primeiro turno com esse resultado negativo”, disse um governista.

Chapa do PT com o prefeitão Marão

Problema detectado e cenário revertido 

Em Ilhéus, o candidato do PT venceu com uma margem de apenas 1.000 votos. Já em Itabuna, o candidato do União Brasil abriu uma margem de 10.000 votos diante do postulante petista. Uma vez diagnosticado o problema, a expectativa no próprio grupo governista é que seja debelado e o cenário possa ser revertido até o dia 30 de outubro. 

Jerônimo Rodrigues

Força de Lula pode ampliar a vantagem 

O entendimento na cúpula do PT e dos partidos aliados é que os quase 70% de votos do ex-presidente Lula na Bahia contribuíram, e muito, para a ampliação da vitória sobre o candidato ACM Neto. “Não só isso. A construção da vitória do Jerônimo se deu partindo de baixo para cima. E agora, no início da campanha do segundo turno, será muito mais difícil para o candidato oposicionista virar o jogo e vencer a disputa”, acredita um deputado reeleito do PT, ao destacar que será complicado o ex-democrata reverter a diferença de mais de 700 mil votos na Bahia. 

Jerônimo Rodrigues e Lula

Bolsonaro e a força do conservadorismo

Dirigentes de partidos ligados ao PT na Bahia confidenciaram à coluna Vixe! esta semana que estão extremamente preocupados com o resultado da disputa nacional. Os petistas e aliados não contavam com a força do presidente Jair Bolsonaro, que liderou na maior parte do tempo e foi superado pelo candidato petista só na reta final da apuração. O resultado das urnas mostra uma população demasiadamente conservadora no Brasil. Sem contar que a diferença do bolsonarismo em São Paulo surpreendeu. Não havia a previsão de o candidato Tarcísio de Freitas ter a margem de votos que teve sobre o seu adversário Fernando Haddad. 

Jair Bolsonaro

Prêmio de consolação 

Começou a circular nos últimos dias a informação de que o primeiro suplente do Republicanos a deputado federal, Marcelo Nilo, pode ganhar o mandato em Brasília como prêmio de consolação. Após ser preterido da vaga de senador e de vice na chapa de ACM Neto, Nilo pode ser alçado à condição de deputado no lugar da deputada eleita Rogéria Santos, que foi a terceira mais votada do partido e pode ser “convidada” a integrar a gestão Bruno Reis, já que ela atuou como secretária na gestão do antecessor ACM Neto. No Republicanos, ficaram em primeira e em segunda colocação os atuais deputados bispo Márcio Marinho e Alex Santana. 

Erros que atrapalharam o processo 

Durante reuniões realizadas na segunda-feira entre o candidato ACM Neto e o seu núcleo duro de campanha ficou evidente que um dos grandes problemas enfrentados pelo postulante do União Brasil foi a dificuldade de mais de 30% da população em saber o número do partido no dia da eleição. Outro erro apontado foi a falta de material de campanha próximo às zonas de votação, num cenário bem diferente do PT, que fortaleceu o visual nas ruas e colocou sua militância para fazer volume e ajudar no processo de convencimento da população.

ACM Neto

Votos serão ampliados 

Além da dificuldade em decorar o número, teve o fato de os eleitores terem que computar cinco votos nas urnas. Como no segundo turno serão apenas o voto para presidente e para governador, a expectativa é que Neto consiga ampliar a sua votação junto à população. Pelo menos é isso que esperam os netistas.

ACM Neto, Ana Coelho e Cacá Leão

As estratégias do 2º turno 

A dúvida, logo após o resultado do primeiro turno, era sobre a estratégia que o candidato do União Brasil usará nessa segunda fase do pleito. Ontem, o próprio ACM Neto teria avisado a aliados que manterá a estratégia de neutralidade sobre a eleição presidencial. A decisão de Neto de permanecer neutro na disputa ao Palácio do Planalto é uma negativa ao aceno do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), que voltou a manifestar interesse ontem de ter apoio do ex-prefeito de Salvador na eleição.

Todos contra o PT 

Ontem, inclusive, durante uma live realizada pelo deputado João Roma, que ficou na terceira posição na disputa ao Governo da Bahia, declarou que o adversário dele é o PT. “Se o nome disso é apoiar ACM Neto, então que seja”, emendou. O ex-ministro fez a live ao lado da candidata ao Senado, Raíssa Soares, que obteve mais de 1,057 milhão de votos. Roma disse que conversou na segunda e na terça com o presidente Jair Bolsonaro sobre o assunto. 

Dra Raíssa e João Roma

Neto terá que convencer os bolsonaristas

“Para o governo, vamos votar no menos pior. Agora cabe a ACM Neto convencer o bolsonarista com pautas como redução de impostos e parar de fazer festinha”, disparou. Roma lembrou ainda do desgaste da relação entre eles, mas reiterou que vai batalhar para derrotar o PT, “porque não estou olhando para o meu umbigo”. E emendou: “Ele precisa conversar com os bolsonaristas”. Segundo João Roma, o foco agora será dar uma votação expressiva a Bolsonaro na Bahia. A expectativa, inclusive, é que o presidente volte ao estado para fazer campanha até o dia 30, quando ocorre o segundo turno das eleições.

O abraço em Bolsonaro e Lula

O problema é que Neto não quer abraçar formalmente o presidente Jair Bolsonaro, que teve apenas 25% dos votos dos baianos. Isso, enquanto o ex-presidente Lula teve quase 70% dos votos no estado. E o detalhe que salta aos olhos é que a margem de frente do candidato petista foi de 6.186.367 votos, sendo que destes, 3.825.482 foram só na Bahia. “É o velho ditado: se correr o bicho pega. Se ficar o bicho come”. Se apoiar formalmente o atual presidente da República, Neto pode perder o apoio de quase um milhão de baianos que votarem nele e no ex-presidente Lula simultaneamente. Por isso, a estratégia será se manter neutro na disputa nacional, fato que deverá ser bastante explorado pelos petistas no horário eleitoral e nas redes sociais. 

ACM Neto

O otimismo e o desejo de mudança 

Apesar de muitas pessoas fazerem um prognóstico não tão positivo para o candidato do União Brasil, devido à expressiva votação que o ex-presidente Lula teve no estado, o clima é de otimismo no entorno de ACM Neto. Até porque o que se espera é que os votos dos eleitores de Bolsonaro sejam dados automaticamente ao ex-prefeito de Salvador. “Ou eles votam em Neto, anulam o voto ou votarão em branco no dia 30”, disse um integrante do PL baiano. Por isso, ontem mesmo o próprio Roma afirmou na sua live que o ex-democrata terá que dialogar e apresentar uma pauta para convencer o eleitor do atual presidente da República. 

E se Lula não ganhar? Jerônimo se complica 

Além disso, se espera no União Brasil que o tensionamento com Bolsonaro e o crescimento do atual presidente façam Lula perder votos em relação à sua performance na primeira fase do pleito. Até porque o candidato Jerônimo Rodrigues terá que responder a uma pergunta bastante indigesta: Se Lula perder e Bolsonaro ganhar, como o petista governará a Bahia sem o alinhamento com o presidente do PT? Já que ele promete gerir o estado com total alinhamento com o ex-presidente Lula. 

Publicitário não é marqueteiro 

Batuqueiro é batuqueiro, cantador é cantador.  Segundo o marqueteiro Robson Wagner, o publicitário cuida da criação e da execução do que foi pensado e conceituado pelo marqueteiro, que atua na parte macro, estratégica da campanha. Robson diz que que algumas campanhas deste ano não têm estrategista e só executor, o que mostra a fragilidade de núcleos que não conseguem avançar conceitualmente no diálogo com a população. “E o resultado do primeiro turno mostra justamente esse comportamento”, enfatizou, ao destacar a virada de Jerônimo e os índices alcançados pelo adversário ACM Neto.

Robson Wagner

Falta estratégia

Ontem, em contato com a coluna Vixe, o marqueteiro do candidato a vice Geraldo Júnior, lembrou uma frase dele durante participação no programa Nova Manhã, na Rádio Nova Brasil FM: “Existem duas formas de perder uma campanha eleitoral. Dizendo que já ganhou ou dizendo que já perdeu”.

Mais equilíbrio na Justiça Eleitoral 

Outro ponto levantado na reunião entre ACM Neto e seus apoiadores foi a postura da Justiça Eleitoral da Bahia. “Não se podia falar nada contra Jerônimo que a Justiça ia e punia o postulante do União Brasil, que ficou sete dias sem aparecer no horário eleitoral do rádio e da TV. Como ele não pode tecer críticas à educação, sendo que o candidato do PT era o secretário da área? Faltou equilíbrio da justiça eleitoral baiana”, enfatizou um dos presentes ao encontro, ao destacar que os integrantes da Corte Eleitoral precisam ter mais equilíbrio nesse segundo turno. “Só eles podem bater e a gente só pode apanhar?”, questionou outro parlamentar presente. 

Briga em família 

O ex-deputado Marcell Moraes comemorou essa semana os 23 mil votos que sua candidata Carol dos Amimais teve na última eleição para a Assembleia Legislativa. Em uma live em suas redes sociais, Marcell destacou a luta de sua ex-exposa e aproveitou para lançá-la como candidata a uma vaga para a Câmara de Vereadores de Salvador na eleição do próximo ano. Quem viu a postagem e não acompanha as ações dos irmãos Moraes no dia a dia não entendeu a investida. Na verdade, Marcel e sua irmã, que atua como secretária na gestão municipal, estão rompidos. Isso já foi divulgado, inclusive, em outra postagem nas redes sociais do ex-parlamentar. E Marcell não engoliu o fato de Marcelle não apoiar sua candidata, Carol dos Animais.

Marcell Moraes e Marcelle