“Vivemos hoje um momento de retrocessos no Brasil”, afirma Ludhmila Hajjar

Uma das mais renomadas cardiologistas do país, a médica Ludhmila Hajjar afirma que “vivemos hoje um momento de retrocessos no Brasil”, com a discussão do terraplanismo, do milagre da cloroquina e da negativa da ciência. Em entrevista ao colunista do A Tarde e editor-chefe do Portal M!, Osvaldo Lyra, a médica diz que enquanto grandes nações se unem em torno da ciência e do desenvolvimentismo, o país caminha ao contrário.

“O Brasil discute o terraplanismo, o milagre da cloroquina, ao mesmo tempo encara a pauta de costumes como questão de estado, trata com descaso o meio ambiente, resiste a medidas básicas e seculares como segurança sanitária e vacinação, e nega a ciência. Mas, tudo isso há de mudar. O Brasil é um país único em riquezas ambientais e culturais, e felizmente, a ciência vem crescendo progressivamente”, desabafa.

Somado a isso, a médica destaca o o número elevado de novos casos de Covid-19, aumento de hospitalizações e de morte, juntamente a bandeira da ignorância e da falta de ética de muitos brasileiros, que decidiram defender o charlatanismo, o curandeirismo, a pauta anti-vacina, e o emprego de terapias ilusórias, desviando o foco do combate à doença.

“Estimo que no Brasil atual, mais de 90% dos pacientes gravemente doentes pela Covid-19 sejam pacientes que não se vacinaram ou que têm a última dose feita há mais de 6 meses”, diz.

Segundo ela, pelo fato do povo brasileiro ter uma capacidade imensa de reagir, há esperança e ressalta a eficácia da vacina contra a Covid-19.

“A vacina é a principal medida de combate à doença, sem dúvida. Temos hoje vacinas eficazes e seguras, devemos aumentar a disponibilidade das mesmas e garantir o cumprimento do calendário de forma recorrente, seguido os protocolos científicos”, informa.

Já referente a politização em torno da vacina e do tratamento da covid hoje no Brasil, ela diz considerar como fruto de delírios de alguns, da falta de ética de outros e do declínio cognitivo de parte da população.

“Não vejo outra explicação. Os dados estão publicados, vimos a redução expressiva de mortes e de hospitalizações como consequência da vacina, já provamos cientificamente o que funciona como tratamento e prevenção e o que não funciona”.