Segunda dose da vacina contra Covid deve ser antecipada? Especialistas opinam
Portal M! ouviu cinco profissionais da área de saúde; confira os depoimentos
A relação diretamente proporcional entre o avanço da vacinação contra Covid-19 na Bahia e a constante redução da taxa de ocupação de UTIs tem consolidado a ideia de que a crise sanitária está perto de acabar. Medidas restritivas estão sendo flexibilizadas, assim como o toque de recolher, graças a estes dois fatores: a Bahia registrou, até sábado (24), 6.006.259 vacinados com a primeira dose e 58% de ocupação de leitos de UTI para Covid-19.
Salvador tem um cenário parecido: até sábado, registrou 1.342.214 de imunizados com a primeira dose da vacina, e 46% de taxa de ocupação de UTI de pacientes com o novo coronavírus.
Mas o otimismo exagerado não pode, na avaliação dos especialistas, fazer a população arrefecer no combate à pandemia. Isso porque, alertam os médicos, o número de imunizados até agora não garante uma alta proteção contra as novas variantes do coronavírus – como a cepa Delta, de origem indiana.
Os dados, até sábado, atestam este temor. Enquanto na Bahia apenas 2.305.441 pessoas tomaram a segunda dose, Salvador registra 607.696 aplicações do reforço. Ainda é pouco, e estamos longe de atingir a imunidade coletiva – condição fundamental para o controle da pandemia.
O Portal M! ouviu especialistas para checar se uma possível antecipação da segunda dose da vacina contra o novo coronavírus poderia evitar a chegada e a disseminação da variante Delta – mais contagiosa – no estado.
Até este domingo (25), a Bahia ainda não registra casos desta mutação do vírus. Por temer sua chegada, a Prefeitura de Salvador vem antecipando em quase uma semana a data de aplicação da segunda dose. As vacinas Pfizer e Oxford/Astrazenica teriam, a princípio, um intervalo de 12 semanas para o reforço.
CONFIRA A OPINIÃO DOS ESPECIALISTAS
Bruno Cerqueira, médico e farmacêutico bioquímico, tem 20 anos de experiência e atualmente é diretor-técnico do Laboratório Jaime Cerqueira e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba).
“As vacinas seguem protocolos e esses protocolos eles estão baseados em todos os estudos feitos previamente. A recomendação é seguir o bulário das vacinas. A antecipação deve seguir o que está recomendada pelos fabricantes. Temos um gama de plataformas produtoras de vacinas e cada uma segue um protocolo. Então, se é necessário antecipar para maior cobertura vacinal da população que siga a recomendação do fabricante”.
Roberto Badaró, infectologista e professor da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Tem mais de 50 anos de profissão.
“Tem que seguir a determinação do que foi testado. A vacina da Pfizer, por exemplo, o recomendado é você tomar a primeira dose e depois de 21 dias você tomar a segunda. O Brasil, no entanto, utilizou o critério de aumentar o número de vacinados e deixar a segunda dose o mais longe possível. Na verdade, isso é questionável, pois quando você prolonga assim você tem que refazer uma nova dose [uma terceira dose de reforço]. Se você tomar a primeira dose e vai tomar [o reforço] três meses depois, é como se você estivesse tomando a primeira novamente. Portanto, antecipar é benéfico. O problema todo é que nós sabemos que há uma dificuldade com a logística e a falta de vacina.
Bruno Buzo é médico infectologista e atua na área há cinco anos. Atualmente trabalha no Hospital Cárdio Pulmonar.
“Adiantar a segunda dose de algumas vacinas poderá acelerar o processo de imunização populacional e alavancar a reabertura da economia, todavia a curta distância entre as doses pode impactar na eficácia e eficiência dessa cobertura vacinal. Por exemplo, existem várias vacinas disponíveis para Covid-19, cada uma com uma tecnologia distinta. Na AstraZeneca, a recomendação de bula é que a segunda dose seja idealmente administrada de 8 a 12 semanas da primeira. Um estudo da própria Universidade de Oxford comparou a eficácia de proteção entre dois grupos: um que recebeu a segunda dose com 12 semanas ou mais de intervalo e outro que recebeu a segunda dose em até 6 semanas. No primeiro grupo, a eficácia de proteção chegou a 82,4%, enquanto no segundo atingiu moderados 54,9%. O que concluímos com isso? Que para vacinas de vetor viral, como a de Oxford, talvez esperar um período de 12 semanas entre as doses garanta uma melhor proteção dos vacinados. Outro cenário que eu gostaria de pontuar é o da vacina da Pfizer. Apesar da bula recomendar que a segunda dose seja dada pelo menos 21 dias após a primeira, dados preliminares de um consórcio de imunização britânico sugerem que idosos que tomaram essas doses com 12 semanas de intervalo tiveram uma resposta mais robusta de anticorpos; outra evidência preliminar de que talvez esperar um pouco mais entre as doses seja benéfico principalmente para os mais velhos. Mas o cenário das vacinas está em constante mudança e aprendizado de médicos generalistas e especialistas. Embora essa espera talvez garanta uma proteção mais assertiva, esperar muito para completar o esquema vacinal de uma população pode atrasar a reabertura das economias tão assoladas por essa doença”.
Anne Galastri, infectopediatra com nove anos de formada. Atua nos hospitais Martagão Gesteira e São Rafael.
“Nos estudos científicos, tanto para vacina de Oxford quanto para a da Pfizer, esse tempo de três meses entre a primeira e a segunda doses foi o mais adequado. O que nós temos também é que entre a primeira e a segunda doses, a proteção se manteve estável, uma resposta imune mais robusta. O que temos de modo muito claro é que o mais benéfico é respeitar esses três meses. Por que estão adiantando? Será que a população toda vai estar vacinada? Por que não vacinar a população toda e depois voltar a fazer a segunda dose? A variante Delta tem maior transmissibilidade, no entanto, ela não foi associada ao aumento de mortalidade e internação. Tanto que o Reino Unido, mesmo com o aumento de casos, não teve impacto de gravidade e eles acabaram de abrir o país inteiro e quebraram as regras, graças a uma vacinação forte. Neste tempo, o que temos que fazer é manter os cuidados já conhecidos há um ano e meio e continuar a vacinação do modo mais rápido possível. Vale ressaltar que a gente só considera uma proteção adequada depois de 15 a 20 dias da segunda dose. A gente precisa respeitar o prazo entre cada vacina e ampliar o número de pessoas vacinadas”.
Jacy Andrade, infectologista com 40 anos de formada. Trabalha atualmente no Hospital Cárdio Pulmonar.
“Acho que é muito importante que os secretários e toda a área de saúde tenham um norte, e esse norte deve ser dado pelo Programa Nacional de imunização. É muito importante para a segurança e o conforto de todos que se tenha o programa, que deve orientar esse tipo de coisa. Não se trata do que cada um acha que deve fazer. Acho que devemos respeitar a orientação do Programa Nacional de Imunização”.
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