Realização de mamografias cai 40% no Brasil em função da pandemia

Cerca de 64 mil mulheres, com 30 anos ou mais, receberam o diagnóstico de câncer de mama no país em 2020


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Ana Paula Ramos 09/10/2021 08:00 Saúde

Neste Outubro Rosa, dados preocupantes coletados durante a pandemia de Covid-19 acendem o sinal de alerta. A realização de mamografias, por exemplo, caiu 40% no Brasil em 2020, e este exame é o mais importante para detectar tumores do câncer de mama de forma precoce.  

No mesmo ano, cerca de 64 mil mulheres, com 30 anos de idade ou mais, receberam o diagnóstico de câncer de mama no Brasil, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca).

A chance de cura chega a 95% quando a doença é descoberta nos estágios iniciais. Mas nem sempre o tempo entre a realização do exame e o início do tratamento obedece à regra dos 60 dias, no máximo. E este problema se agravou durante a pandemia. 

Em 2019, foram realizados 3 milhões de exames de radiografia de mamas. Este número vinha crescendo ano a ano, segundo levantamento realizado a pedido do Instituto Avon pela empresa social de jornalismo de dados Gênero e Número, a partir da base pública de dados SIA-SUS –  sistema de registro dos gestores municipais e estaduais de informações de atendimento do SUS.

Mas, em 2020, o volume total de mamografias realizadas foi de 1,8 milhão. Também as biópsias e as ultrassonografias de mama tiveram redução de 28% no ano passado.

 

Justiça deve ser acionada

A depender do tipo de câncer, dois meses podem ser determinantes para a cura. De acordo com a Lei 12.732, de 2012, 60 dias é o prazo máximo entre receber um diagnóstico assinado por um médico e iniciar o tratamento no SUS. Em casos mais graves, o período de início do atendimento tem que ser menor.

“Quem não tem acesso a uma consulta ou a um tratamento médico pode entrar na Justiça para que seus direitos sejam garantidos o mais rápido possível”, diz Claudia Nakano, advogada especializada em direito de saúde.

“Os juízes apreciam o requerimento de tutela de urgência, que é uma medida liminar, às vezes no mesmo dia, a depender da gravidade, para que o tratamento seja concedido”, completa.

A médica Rosemar Macedo Sousa Rahal, da diretoria da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), afirma que, desde o ano passado, o Governo Federal se concentrou na pandemia de Covid-19 e deixou de lado outras doenças com potencial grave, que não podem tardar o diagnóstico nem o tratamento, como o câncer.

“Vamos pagar um preço alto por isso: da saúde das mulheres, da questão desumana, da questão financeira. O tratamento vai custar mais para o governo, já que muitas mulheres vão chegar mais doentes à rede pública”, alerta.

Dado o cenário atual de dificuldade e demora no acesso a exames preventivos contra o câncer de mama, a tendência é de aumento do custo para tratamentos mais avançados. Mas o que se vê atualmente é um corte de orçamento.

Ainda segundo o levantamento do Instituto Avon, com base nos dados do SIA-SUS, no ano passado houve uma redução de 26% da verba total destinada aos estados pelo Ministério da Saúde para a realização de procedimentos e diagnósticos de câncer de mama.

Em 2019, as secretarias estaduais de Saúde receberam R$ 49 milhões para realização desses tipos de exame. Em 2020, o orçamento ficou em R$ 36,5 milhões. Isso significa 471.239 procedimentos de diagnóstico de câncer a menos no período de um ano.

 

Falta de protocolo

Para Luciana Holtz, fundadora e presidente da Oncoguia – ONG que defende os direitos de pacientes com câncer -, não há um protocolo claro sobre como lidar com outras doenças graves, como o câncer, durante a pandemia.

“Alguns hospitais cancelaram as cirurgias, outros não. Faltou uma diretriz nacional”, pondera.

O problema não é uniforme, já que pacientes de alguns estados sofreram mais do que outras, o que mostra a falta de equidade no acesso aos serviços de saúde.

De acordo com o levantamento do Instituto Avon, o estado com mais mulheres prejudicadas foi a Bahia, com queda de 38%, seguido do Rio de Janeiro, com menos 34% de exames preventivos realizados, e Pará, com redução de 24%.

A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para os países é a cobertura de exames contra o câncer de mama para pelo menos 70% das mulheres com idade entre 50 e 69 anos. Mas, na última década, cerca de 25% das mulheres nessa faixa etária no Brasil conseguiram realizar mamografias pelo sistema público de saúde. No ano passado, esse índice caiu pela metade, de acordo com a SBM.

Segundo alguns especialistas, a reorganização da saúde levará de dois a três anos. Questionado sobre a diminuição do investimento na prevenção do câncer de mama, o Ministério da Saúde não respondeu até o fechamento desta reportagem.

 

* Com informações do Portal UOL.

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