“Quando observarmos que os testes não estão positivando, a segurança será máxima”, diz Bruno Cerqueira

O médico e diretor técnico do laboratório Jaime Cerqueira, Bruno Cerqueira, explicou ao Portal M! que a cepa P1 ou a variante Delta, conhecida como indiana, não são novidades para a comunidade científica.

“Elas surgem frente a uma pressão ou um acaso. Assim como elas surgem, somem. Algumas apresentam uma mutação diferente e mais agressiva. O que tenho que fazer é evitar a transmissão. Quando mais se transmite mais se passa de um hospedeiro para o outro, e sendo apertado por esse sistema imunológico, podendo mudar”, explicou.

Bruno  Cerqueira disse ainda que para evitar a possibilidade do surgimento de uma nova cepa é preciso utilizar máscara, manter o distanciamento social e vacinar a população o mais rápido possível.

“Se vacino, tenho a menor chance de transmissão. E se eu transmito menos, tenho menor chance de variantes apareceram ao acaso”, ressaltou.

O médico alertou ainda que a lentidão no processo de vacinação pode levar ao surgimento de novas variantes.

“Nós estamos expostos ao vírus e ele continua sendo transmitido e forçado a modificar ao acaso. Enquanto existir a transmissão viral, existe a possibilidade de novas variantes. Só conseguiremos resolver com vacinação em massa em tempo curto”, pontuou.

Questionado sobre a possibilidade de a iniciativa privada começar a comprar os imunizantes, Cerqueira alertou ao M! que é preciso “ter o cuidado de não misturar o capital com a saúde”.

“Se nós pensarmos que o mundo inteiro esta demandando vacina, talvez não seja tão fácil essa vinda para a iniciativa privada. Temos que ter o cuidado de não misturar o capital com a saúde. Tem testes que abomino, que não deveriam estar rodando. E está acontecendo porque não houve controle e geram muito mais dor de cabeça do que prazer”, alertou.

“Será que se estivesse liberado para o privado, todas as vacinas seriam checadas com o mesmo cuidado pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]? Não sei em termos de tempo se seria melhor ou não, mas o meu receio é a qualidade. Não é qualquer vacina que vai dar reposta. Esse ponto entre o capital e a saúde tem que ter muito cuidado”, completou.

O médico disse ainda que acredita na possibilidade da volta das aglomerações festivas em 2022, desde que a vacinação seja agilizada.

“Eu acredito que vá acontecer, mas existe uma dependência enorme do poder publico de dizer ‘vamos vacinar e vamos vacinar rápido’. Quando observarmos que os testes não estão positivando mais e as UTIs estão praticamente zerando o atendimento para esse tipo de paciente, a segurança é máxima”, pontou, acrescentando que a “fórmula” para a retomada está nas vacinas.

Cerqueira projeta que o coronavírus ainda vai permanecer entre nós por mais um tempo. Ele conta que se emocionou ao ver alguns eventos acontecendo no exterior.

“Nós estamos observando algumas respostas em outros países. Alguns já estão abrindo para eventos com público, mesmo com restrição, trabalhando com 30%, 40% da capacidade, mostrando que é possível fazer. Será viável com baixíssima taxa de transmissão e pequenos surtos bem bloqueados. Já poderia estar acontecendo no nosso país. Se está acontecendo em outros com a taxa vacinal alta, aqui também poderia estar em um cenário diferente para chegar com um cenário positivo em 2022”, completou.