Novembro Azul: consultas com urologista caem 33,5% no SUS ao longo da pandemia
Campanha alerta para a importância do diagnóstico precoce do câncer de próstata
A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) alerta sobre os impactos da pandemia da Covid-19 no setor, especialmente na realização de diagnósticos e tratamentos do câncer de próstata. O alerta é feito no mês em que se desenvolve a campanha mundial Novembro Azul, deflagrada em 2003, na Austrália, para chamar a atenção para a importância do diagnóstico precoce do câncer de próststa.
Houve diminuição de 33,5% no número de consultas urológicas no SUS na comparação entre 2019 e 2020. As internações de pacientes com diagnóstico da doença caíram 15,7%. Este ano, as consultas com urologista também sofreram queda. Até julho, foram 1.812.982, enquanto em 2019 foram 4.232.293 e em 2020, 2.816.326.
As cirurgias para retirada da próstata por câncer tiveram redução de 21,5% no mesmo período. Os dados do Ministério da Saúde, obtidos a pedido da SBU, constam do Sistema de Informação Hospitalar (SIH).
As coletas do antígeno prostático específico (PSA) e de biópsia da próstata que, junto com o exame de toque retal, diagnosticam a doença, registraram quedas de 27% e 21%, respectivamente, como mostram as informações do Sistema de Informações Ambulatoriais, do Sistema Único de Saúde (SUS).
“Até nós que trabalhamos em consultórios particulares começamos a perceber que pacientes voltaram a marcar consultas, mas realmente houve um período em que não foi possível trabalhar. Hoje, a gente já conseguiu recuperar quase 60% do movimento que havia antes da pandemia. As cirurgias estão voltando, mas em pacientes que já tinham indicações antes de todo esse processo”, afirmou o secretário-geral da SBU, Alfredo Canalini.
Ele contou que como os hospitais e centros de atendimentos tiveram que concentrar as atenções em pacientes atingidos pela pandemia, o medo de contaminação pela Covid-19 afastou as pessoas da procura aos médicos.
“Esses locais passaram a ser vistos como de maior risco de contaminação. As pessoas pararam de fazer as coisas. A gente percebeu isso não só nos novos diagnósticos, mas inclusive em alguns pacientes que estavam fazendo tratamento para câncer independente do tipo. Eles pararam e sumiram, resolveram não correr risco e ficaram em casa. Isso prejudicou muito”, disse Canalini.
Segundo ele, a urologia não pode ter consultas por telemedicina, como passaram a ocorrer com outras especialidades por causa da pandemia.
“Este tipo de instrumento não possibilita o exame físico do paciente, por exemplo, a primeira consulta não pode ser feita por telemedicina. Não é ideal, e o paciente corre risco”, afirmou.
Durante o mês de novembro a SBU vai realizar uma série de ações online e presenciais para alertar sobre o problema. Com o slogan “Saúde também é papo de homem”, a entidade terá programação em suas redes sociais, como no perfil @portaldaurologia, que inclui lives todas as quartas-feiras com especialistas e posts e vídeos esclarecendo dúvidas, além de podcasts semanais na Rádio SBU, disponível em todas as plataformas de streaming.
“É um trabalho de vários anos que já vem produzindo frutos, mas que agora, mesmo diante de uma pandemia sem precedentes como essa, precisa ser continuado, pois as doenças não dão trégua.”, destacou a médica Karin Jaeger Anzolch, integrante do Departamento de Comunicação da SBU e uma das organizadoras das ações do Novembro Azul.
Quadro nos estados
Os estados do Acre (90%), de Mato Grosso (69%) e do Rio Grande do Norte (50%) verificaram queda significativa nos exames de biópsia da próstata entre 2019 e 2020. No Rio de Janeiro foram 39% a menos e em Minas Gerais, 31%.
Já São Paulo (6%) e o Distrito Federal (7%) tiveram impacto menor. No exame de PSA, a Paraíba registrou percentual elevado (50%), seguido de Pernambuco (37%), Distrito Federal (34%), Rio de Janeiro (30%) e São Paulo (29%).
“O homem tem que perder o medo de ir ao médico e se conscientizar de que tem que cuidar da saúde como as mulheres fazem, porque é graças a isso que a mulher tem uma expectativa de vida de oito a dez anos maior do que a da gente”, afirmou Canalini, acrescentando que como já ocorre com as mulheres, as consultas rotineiras devem começar na adolescência.
Incidência do câncer
Com exceção do câncer de pele não melanoma, o câncer de próstata é o tumor mais frequente no homem. Estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) indica que, em 2021, são esperados 65.840 novos casos, mas muitos podem nem ter sido diagnosticados.
A SBU também obteve informações que indicam aumento de 10% na mortalidade por câncer de próstata em cinco anos. Em 2015, eram 14.542, e subiram para 16.033 em 2019.
A preocupação com o atraso nas consultas médicas é que, em 90% dos casos, em fases iniciais, o câncer de próstata pode ser curado. A glândula se localiza abaixo da bexiga. Dentro dela passa o canal da uretra, por onde a urina vai da bexiga para o meio externo.
A vontade de urinar com frequência e a presença de sangue na urina ou no sêmen podem significar a presença do câncer numa fase mais avançada. Nem todo tipo da doença tem necessidade de cirurgia, quimioterapia e outros tratamentos, mas pode ser acompanhado por meio da vigilância ativa.
“Após a avaliação urológica, os pacientes portadores de doença de baixa agressividade, avaliados por meio de critérios histopatológicos, clínicos e dosagem do PSA, podem optar por essa modalidade de tratamento. Entretanto, necessitam ser monitorados para que em caso de progressão tumoral, o tratamento adequado seja instituído”, disse o coordenador do Departamento de Uro-oncologia da SBU, Rodolfo Borges.
Ele ressaltou que a principal vantagem da vigilância ativa é evitar as possíveis morbidades dos tratamentos intervencionistas.
Segundo o secretário-geral da SBU, Alfredo Canalini, o histórico familiar de câncer de próstata em pai, irmão ou tio é um sinal da necessidade de um exame nos homens a partir de 45 anos. Mas também os afrodescendentes têm risco alto de desenvolver a doença por questões genéticas. Além disso, a obesidade é motivo de alerta.
Para os que não têm esses fatores de risco, a recomendação da SBU é que a partir de 50 anos procurem um profissional especializado em avaliação individualizada. De acordo com a SBU, depois dos 75 anos, a orientação é de que somente homens com perspectiva de vida maior do que dez anos façam essa avaliação.
Alfredo Canalini afirmou que o tratamento oferecido no Brasil atualmente está no mesmo nível do de outros países como Estados Unidos, França, Alemanha, Espanha e Inglaterra.
“Não tem diferença nenhuma. Hoje em dia, o conhecimento e as habilidades em Medicina estão extremamente uniformes no mundo todo, tirando os países com cenários de miséria e guerra. Hoje, no Brasil, os instrumentos que temos para fazer exames de câncer de próstata são os mesmos que nos Estados Unidos”, pontuou.
* Com informações da Agência Brasil.
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