Mulheres acima de 40 anos compõem grupo de risco para cálculo na vesícula, aponta gastroenterologista

A influenciadora digital Maíra Azevedo, a Tia Má, foi submetida a uma cirurgia para remoção de mais de 20 pedras na vesícula nesta semana. A informação foi confirmada pela própria influencer, em vídeo publicado nas redes sociais, na última segunda-feira (23).

Em entrevista ao Portal M!, o gastroenterologista Allan Rego explicou que a vesícula é uma estrutura adjacente ao fígado, e tem como principal função é armazenar a bile, substância responsável por quebrar as partículas grandes de gordura dos alimentos e diminui-las, facilitando a digestão.

“Então, quando falamos em cálculos na vesícula, são pedras que se formam dentro dessa estrutura. E a grande maioria desses casos está ligada ao colesterol. A bile é um liquido que tem diversos componentes, inclusive o colesterol, e é diferente do colesterol do sangue do paciente”, explicou.

Veja os sintomas

Segundo o especialista, cerca de 15% da população sofre com a pedra na vesícula, e embora a maioria dos casos seja assintomática, em algumas situações, o problema pode se evidenciar com  uma dor no lado direito do abdômen.

“Na grande maioria das vezes, é um problema assintomático, e é descoberto por acaso, em uma ida ao ginecologista, por exemplo. Mas, quando o calculo é sintomático, a principal manifestação é a dor, uma dor na região da costela, no lado direito. Ela vem como cólica e geralmente, é desencadeada após a ingestão de alimentos gordurosos, após uma alimentação mais pesada. É uma dor em cólica na região abdominal direita, que pode irradiar para outros locais”, apontou.

Já em casos mais graves, o especialista indicou que podem ocorrer complicações, sendo que a principal delas é a inflamação da vesícula. “Após essa, temos a migração do cálculo pela via da bile, trazendo a pancreatite, ou obstruindo a via da bile”, ressaltou.

Fatores de risco

De acordo com Allan Rego, existe uma população cujo predomínio é maior para cálculos na vesícula, e embora homens e mulheres jovens possam ter, as mulheres por volta de 40 anos, possuem predisposição maior.

“Outro fator são as mulheres que já tiveram filhos. Nesses casos, essa formação é facilitada. Outra questão é a obesidade. Então uma mulher obesa, após os 40 anos e depois de ter parido, tem uma propensão muito maior”, alerta.

Outro fator de risco, listado pelo médico, é a questão familiar. “Muitas vezes vemos famílias inteiras com uma predisposição ao cálculo. Então são perfis que podem ficar mais atentos”.

O especialista explica, no entanto, que apesar desse quadro, não existem recomendações para a realização sistêmica de ultrassom para buscar pelos cálculos. “O ultrassom de abdômen, na população de maior idade, recomendamos uma vez ao ano, mas sem recomendação em torno do cálculo diretamente”, explicou.

Qual é o tratamento?

Já com relação ao tratamento, o especialista indicou que, uma vez diagnosticado o problema, a conduta é cirúrgica.

“Não existe conduta que faça dissolver ou migrar, é diferente de casos que você minimiza o cálculo, na vesícula isso não acontece. O que podemos fazer é evitar o fator de risco, como a obesidade, e infelizmente, na presença dele, o tratamento é cirúrgico”.

No entanto, o gastroenterologista ressaltou que o tratamento é discutido caso a caso. “Resguardando às limitações de cada paciente, a recomendação é cirúrgica”.