Infectologista projeta aumento de casos de dengue em Salvador em março e abril
“Os próximos 30 dias são muito importantes nessa definição de cenário”, disse Ana Verena Mendes, diretora médica do Hospital São Rafael/Rede D’Or
A oitava morte por dengue foi confirmada pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) nesta sexta-feira (1º). A vítima era uma farmacêutica de 29 anos e estava grávida de quatro meses. De acordo com o último boletim divulgado pela Sesab na quinta-feira (28), são 16.771 casos prováveis de dengue no estado. O número contempla o período de 1º de janeiro até 24 de fevereiro de 2024 e é quase o dobro em comparação ao mesmo período de 2023.
Ao Portal M!, a infectologista e diretora médica do Hospital São Rafael/Rede D’Or, Ana Verena Mendes, afirmou que os números em Salvador tendem a aumentar entre os meses de março e abril, porém sem o nível de uma possível epidemia.
“Em Salvador, acreditamos que vamos sim ter aumento do número de casos até o mês de março e abril, entretanto há uma expectativa de que a gente não ultrapasse o nível epidêmico. Na Bahia, diferente disso, teremos sim cidades em situação epidêmica. Então é muito importante a população do estado se preparar. Os próximos 30 dias são muito importantes nessa definição de cenário”, disse Ana Verena.
De acordo com os dados da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), até a última quarta-feira (28), o cenário da dengue na oitava semana epidemiológica apontavam, na capital baiana, 1.066 casos prováveis da doença, com o índice de infestação em 1,8 até janeiro deste ano.
A prefeitura da capital lançou, nesta semana, a campanha ‘Salvador Contra a Dengue’ que prevê uma série de ações de combate ao mosquito transmissor do vírus, o Aedes aegypti, e de atendimento aos pacientes com a doença, com a reabertura de dois gripários, nos Barris e em Itapuã.
Comparada a outras cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, atualmente Salvador possui um índice menor de casos de dengue. Para Ana Verena Mendes, os resultados podem ser atribuídos ao trabalho da gestão municipal e também a fatores naturais, já que as condições climáticas da capital baiana são mais estáveis.
“A Vigilância Sanitária Municipal responde rapidamente as nossas notificações de casos suspeitos, e ela faz um mapeamento desses casos por bairro. Muitas vezes, se antecipa com o uso dos insecticidas, do fumacê, ou com a vistoria dos bairros. Então a gente tem, de fato, nesse aspecto da dengue, muito sucesso nas estratégias municipais”, pontua.
“O que acontece é que Salvador também não tem aquele acúmulo pluviométrico, o acúmulo de chuvas em um período específico do ano, como acontece em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde chove demais entre dezembro e janeiro, o que acaba favorecendo um pico de dengue mais epidêmico. Na capital baiana, chove o ano todo e tem uma temperatura mais estável, então isso também favorece que a gente não tenha surtos em épocas específicas do ano, o que não quer dizer que não tem aumento de números de casos, como a gente está vendo agora”, destacou a infectologista.
Transmissão e sintomas
A transmissão da dengue acontece durante a picada do mosquito Aedes aegypti infectado com vírus. Após a picada, os sintomas surgem entre cinco e 15 dias, podendo haver dor de cabeça, febre alta, dor no fundo dos olhos e dor no corpo.
A infectologista Ana Verena Mendes destacou pontos importantes ao diferenciar dengue de gripe ou Covid-19. Para ela, a dessassocialização dos sintomas é fundamental na hora de um diagnóstico mais preciso.
“Estamos vivendo uma coisa a mais na Bahia, que são as viroses pós-Carnaval. Então, a gente está numa fase em que tem um aumento das viroses respiratórias, tanto influenza quanto Covid, e junto com isso vem um incremento dos casos de dengue. Quanto a zika e chikungunya, ainda não estamos com observação de aumento dos casos na Bahia”, explica.
Ana Verena destaca ser muito importante diferenciar alguns sintomas. “A primeira manifestação da dengue costuma ser febre, e essa é também a manifestação das viroses respiratórias, quando começam. O primeiro sinal de alerta é uma febre, uma indisposição. A diferença é que quando a gente está caminhando para uma virose respiratória, normalmente a gente começa a ter sintomas respiratórios, como dor de garganta, coriza, espirro e tosse, além da dor no corpo. Quando a gente está caminhando para uma arbovirose, que é o caso da dengue, zika e chikungunya, junto com a febre vão vir outros sintomas: muita indisposição, dor muscular, dor nas articulações, às vezes dor abdominal e vômitos”, afirmou.
A infectologista ressaltou que a dengue não é contagiosa – ou seja, não pode ser transmitida de pessoa para pessoa, além de também não ser passada através do consumo de alimentos ou água. A transmissão da dengue se dá exclusivamente através da picada do mosquito infectado.
“A dengue precisa do vetor. Quando tem muita gente com dengue, o mosquito pica uma pessoa com dengue e pode transmitir a doença para outra que está sem o vírus. A chance dele veicular o vírus é maior se tiver muita gente infectada. Ela não é transmitida por saliva, por contato e nem de pessoa para pessoa. Ela precisa da veiculação do mosquito, e por isso que é tão importante o combate ao mosquito e as medidas preventivas gerais, além do uso de repelente e da adesão à vacinação”, frisou.
Importância da vacinação
Segundo dados parciais da Secretaria Municipal da Saúde, a capital baiana conta com 87.307 pessoas aptas para recebimento do imunizante nesta primeira fase de vacinação. A dose inicial está disponível para os pré-adolescentes entre 10 e 11 anos. Até a última quarta-feira (28), 9.985 imunizantes foram aplicados.
“Tem um plano do Ministério de Saúde, que avaliou cada estado, a faixa etária mais acometida e definiu a população a ser vacinada. Mas a vacina, de fato, só vai ter o efeito máximo após a segunda dose, o que não quer dizer que ela não deva ser feita. É importante a vacinação do público-alvo direcionado pelo Ministério até que haja uma ampliação para toda a população”, ressaltou a infectologista.
Ana Verena Mendes diz que pacientes que apresentam quadro da dengue mais de uma vez correm risco de desenvolver uma versão mais grave devido ao sistema imunológico.
“A dengue também, às vezes, apresenta maior gravidade nos extremos de idade – em crianças, em idosos – ou em pessoas que têm algum outro problema de saúde. Mas se o paciente apresenta um segundo episódio da dengue, a gente fica com uma vigilância maior devido à resposta imunológica ser mais forte, ocasionando uma inflamação no organismo que pode ser prejudicial”, explica.
Para receber a dose, deve ser apresentado documento de identificação com foto, cartão SUS de Salvador e caderneta de vacinação. A aplicação será feita somente na presença dos pais ou responsável legal, para acompanhamento adequado e segurança das crianças e adolescentes.
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