Hospital Cárdio Pulmonar realiza cirurgia que devolve qualidade de vida a pacientes com Parkinson

De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que pelo menos 200 mil pessoas em todo o Brasil sofram com a Doença de Parkinson (DP). Além disso, no mundo, esta é considerada a segunda enfermidade neurodegenerativa mais comum no mundo, atrás apenas da doença de Alzheimer.

Crônica e progressiva, a DP é uma enfermidade degenerativa do sistema nervoso central causada por uma diminuição da produção do neurotransmissor dopamina, levando ao comprometimento dos movimentos voluntários do corpo na forma de lentidão dos movimentos, tremores, rigidez muscular e desequilíbrio.

Ao longos dos anos, diversos tratamentos do tipo tem sido descobertos para controlar o sintomas da doença, trazendo uma melhor qualidade de vida ao paciente.

Um desses é realizado pelo Hospital Cárdio Pulmonar (HCP), em Salvador. Invasivo, porém mais eficiente e seguro para a doença de Parkinson, a cirurgia de estimulação cerebral profunda (DBS, em inglês) traz diversos benefícios, com ganho de autonomia para o paciente.

A estimulação cerebral profunda controla os sintomas motores – principalmente tremores, rigidez e lentidão dos movimentos – e está associada à melhora da qualidade de vida dos pacientes, quando selecionados de forma criteriosa. 

“Com a intervenção e o controle dos sintomas, o paciente pode reduzir o uso de medicamentos e sofre menos com efeitos colaterais, ganha em autonomia, independência, bem estar e qualidade de vida”, enumera o neurocirurgião do HCP, Carlos Romeu, com experiência na realização da técnica, que ainda reúne poucos especialistas habilitados na capital baiana. Em média, a cirurgia leva seus horas.

Indicação

A maioria dos pacientes com a Doença de Parkinson pode fazer a cirurgia, mas nem todos necessitam da intervenção. Portanto, a seleção do paciente ideal é feita inicialmente pelo neurologista e depois submetida a uma avaliação multidisciplinar  para avaliar a precisão da indicação e julgar o alcance dos benefícios do procedimento para cada caso.

O ideal é que o paciente tenha pelo menos cinco anos de doença para que possa ser melhor avaliado e outras causas mais raras de parkinsonismo que não respondem à terapia de estimulação cerebral possam ser excluídas.

“Entre os critérios para a adoção da cirurgia é necessário ter a certeza do diagnóstico de Parkinson, observar se as medicações ainda fazem o efeito esperado e atestar que o paciente tem a qualidade de vida comprometida pela dificuldade de controle dos sintomas – dificuldade de locomoção, tremor, lentidão nos movimentos ou dor. Indivíduos com sinais de demência, doença psiquiátrica grave e problemas de equilíbrio e marcha severos devem ser evitados”, esclarece o neurologista e especialista em Transtornos do Movimento Guilherme Valença, coordenador do Serviço de Neuromodulação em Transtornos do Movimento do Hospital.

O diagnóstico da doença de Parkinson é essencialmente clínico e feito por um neurologista, que diferencia a enfermidade de outras que também afetam os movimentos do corpo. Exames complementares podem ajudar no diagnóstico, como ressonância magnética e cintilografia cerebral.

“O tratamento não-cirúrgico se baseia no uso de medicamentos e inclui fisioterapia, fonoaudiologia, suporte psicológico e nutricional e atividade física para melhorar a qualidade de vida do paciente e reduzir o prejuízo funcional”, diz Gabriel Xavier, neurologista que também faz parte da equipe do Hospital Cárdio Pulmonar.