“Foi prematuro retirar a obrigatoriedade do uso das máscaras”, diz o infectologista Roberto Badaró

De acordo com o especialista, apesar de menos letal, “o vírus da Covid-19 não deixou de ser temido ainda”


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redacao 01/08/2022 08:33 Saúde

Em 23 de março, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PL), revogou o decreto 10.659, de 2021, que instituiu o Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento da Pandemia da Covid-19. Com isso, o estado de pandemia do país acabou, mesmo que, na época, a variante da Covid-19, a Ômicron, estivesse circulando por alguns outros países. O infectologista, Roberto Badaró, considerado um dos maiores especialistas nacional, é enfático ao afirmar que “foi prematuro retirar a obrigatoriedade do uso das máscaras”.

Segundo o especialista, a onda de infecção que tem ocorrido durante o mês de julho se dá por conta da variante que tem atuado em organismos já vacinados. Embora o risco de morte tenha diminuído, o risco de surgir uma nova cepa é alto. “Nós vemos uma pandemia fantástica de ômicron em vacinados. Então, a vacinação deu uma sensação de liberdade às pessoas de que acabou a transmissão respiratória, mas nós erramos nisso. Ainda usar máscara é uma coisa importante em ambientes coletivos, em shows, em ônibus, avião”, enfatiza Badaró, durante entrevista com o editor-chefe do Portal M! e colunista de A Tarde, Osvaldo Lyra.

“Então, você tem que usar, porque você pode ter contato e pode ter uma outra variante, está tendo outra variante, a segunda BA.4 da ômicron que às vezes a pessoa pode pegar duas vezes. Eu tenho paciente que pegou duas vezes, porque pegou duas variantes. Então, é porque não estava usando máscara. Então, usar máscara ainda é uma estratégia de proteção”, completou.

O cenário atual do país, onde a leva de novos infectados, mesmo vacinados, têm atingido uma incidência de 16100,1 casos, a cada 100 mil habitantes, segundo o painel de Covid do Ministério de Saúde, tem reforçado o temor uma pequena parcela da população, que ainda segue no uso máscaras. O problema pode ser agravante, de acordo com o infectologista, por conta da taxa de pessoas que ainda não completaram o esquema vacinal, proporcionando uma livre circulação da variante.

“O vírus da Covid-19 não deixou de ser temido ainda, porque ainda existe um contingente significativo de pessoas que não se vacinaram ou tiveram a vacinação parcial e podem ainda fazer uma pneumonia. Mas a pandemia mudou. Com a ômicron, a grande característica dela é que ela não causa pneumonia, ela causa inflamação nos brônquios, a pessoa fica com tosse, mas não tem nenhuma gravidade do ponto de vista pulmonar. Então, essa é a grande característica. A mortalidade por Covid-19 praticamente vem desaparecendo”, avaliou Badaró.

Em Salvador, de acordo com levantamento da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), mais de 1,3 milhão de pessoas, de diversas faixas etárias, não iniciaram ou completaram o ciclo vacinal. Dos indicadores sobre taxa de ocupação de leitos clínicos adultos está em 64%, sendo que, dos 120 disponíveis e 77 estão ocupados. O percentual de UTI adulto está em 44%, com o mesmo número de oferta. Sobre o esquema vacinal, a cobertura da 1ª dose abrange 98% da população e a 2ª dose com 96%. A taxa cai para 74% com a cobertura da 3ª. Informações sobre a 4ª não estão disponíveis.

“Por isso a gente ainda tem uma proporção de casos importantes. Lá no Hospital Espanhol, por exemplo, que eu sou diretor médico, lá a gente ainda tem um número de casos significativos. A gente varia de 70 a 100, mas a alta é muito rápida, porque as pessoas melhoram rápido também. Mas ainda temos muita pneumonia lá também”, analisou o especialista PhD em Imunologia e Doenças Infecciosas e professor da Faculdade de Medicina da UNIFESP, em São Paulo.

Para ele, um dos gargalos da saúde brasileira é fazer com que as pessoas acreditem na eficiência e segurança da tecnologia das vacinas. “Esse é um desafio grande, porque tem muitas pessoas que não acreditam na vacina, e agora com a ocorrência de Covid-19 em pessoas vacinadas até com quatro doses, três doses, as pessoas ficam desencorajadas. Eu vejo muitas pessoas falando ‘ah, para que eu vou vacinar, se as pessoas que se vacinaram pegaram Covid-19?'”, falou Badaró.

“Mas o que a gente tem que enfatizar é dizer a eles que na verdade a vacina previne forma grave e mortalidade. Então, isso deve-se fazer propaganda, deve-se incentivar as pessoas com coisas bem diretas. Se você não é vacinado e pegar Covid-19, você pode morrer, por exemplo. Tem que fazer esse tipo de chamamento. Porque na maioria das vezes as pessoas não se vacinam porque não têm ideia do risco de se pegar COVID-19 não vacinado”, acrescentou o infectologista.
 
Badaró também avaliou sobre o risco que a baixa adesão da vacina pode provocar na sociedade. “Não só poder pegar variantes que foram da primeira, segunda e terceira onda, que são a alpha, beta, gama e delta, que ainda circulam. Mas as pessoas vacinadas estão razoavelmente protegidas contra essas. Por isso que a pneumonia caiu significativamente. Mas os não vacinados têm risco ainda. É por isso que a gente está tendo ainda pessoas internadas com pneumonia grave”, alertou.

A fim de conscientizar a população, o cientista emite um lembrete sobre o ápice da pandemia e como a proliferação do vírus da Covid foi barrado: com uso de máscaras, álcool em gel, distanciamento social e depois com a vacina. Eu diria que a gente ainda não deve se esquecer da Covid-19. A primeira coisa é essa. Lembre-se que tudo que você aprendeu em 2020, 2021, nós fomos obrigados a fazer um lockdown, a ficar dentro de casa com medo da disseminação da doença de uma forma incontrolável…”, refletiu.

“Aprendemos durante esse período que a higienização das mãos com álcool em gel e o uso da máscara fizeram com que a pandemia fosse contida. E quando se associou com a vacinação, nós tivemos uma queda muito mais significativa. Mas ainda eu diria às pessoas o seguinte: use sua máscara em ambiente público. Se você vai no ônibus, se você vai no metrô. Use sua máscara se você pegar um avião. Use sua máscara, porque ainda não nos livramos completamente do coronavírus”, completou. 

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