“Estamos no limite, mas precisamos entender que o momento é de sacrifício”, diz professora Cristiane Chaves

A pandemia da Covid-19 também virou fonte de preocupação para familiares e cuidadores de pessoas com Alzheimer, exigindo atenção redobrada.

Em geral, os idosos e pessoas com comorbidades estão no grupo de maior risco para a Covid. No caso dos portadores de Alzheimer, além dos problemas típicos da doença, o isolamento social pode gerar mudanças comportamentais. Para complicar ainda mais, uma eventual necessidade de hospitalização aumenta o risco de contaminação pelo coronavírus.

Todo carinho e cuidado foram redobrados na família de D. Maria da Glória Carmo Silva, 91 anos, portadora do Mal de Alzheimer há dez. Moradora do bairro do Rio Vermelho, a idosa tem como vizinha de porta sua filha mais velha, a professora Cristiane Chaves, 55 anos.

Nesse período de um ano de pandemia, D. Glória não teve noção dos riscos da contaminação nem consciência do número superlativo de casos e mortes causadas pela doença no planeta. Cristiane disse ao Portal M! que a mãe estranhou o fato de as três cuidadoras e sua filha estarem utilizando máscaras.

“Com Alzheimer há mais de dez anos, ela não tem noção. Certamente ela estranhou porque eu e as três cuidadoras passamos a usar máscaras. Mas ela não tem noção alguma da situação”, afirmou.

Cristiane comemora a chegada da vacina por sua importância para reduzir drasticamente as formas mais graves da doença.

“Foi um alívio. Minha filha é formada em Biomedicina e o tempo todo ela alertava que, se a Anvisa liberasse a vacina, teria que vacinar. É importante, independente da eficácia, porque vai reduzir a gravidade e os riscos que a doença traz. Se não evitados, pelo menos reduzidos”, pontuou.

Cristiane afirmou ainda que ela e o irmão, Everaldo Chaves Júnior, estavam ansiosos.

“Estávamos ansiosos com a expectativa da chegada da vacina. E sabemos que depois de vacinados ainda leva um tempo para fazer efeito no organismo. Então, vamos continuar utilizando as máscaras, o álcool e lavando as mãos para matar o vírus”, ressaltou.

Apesar de imunizada com as duas doses, D. Glória não terá sua rotina alterada e todo o protocolo de higiene e proteção à vida será mantido.

“Vamos continuar com as medidas de proteção. As meninas, quando chegam em casa, tomam banho, trocam toda a roupa e a máscara”, afirmou ao M!

Cristiane ressaltou ainda que uma das cuidadoras de D. Glória foi contaminada pelo vírus e que os órgãos de saúde deram toda a assistência necessária à idosa.

“Nós acionamos a prefeitura e o governo, e os atendentes foram excepcionais e maravilhosos na explicação, para que, já que minha mãe tem Alzheimer, ficássemos atentos aos sinais, porque ela não sabe dizer que está com dor ou com falta de ar”, explicou.

Questionada sobre o processo de execução do Plano Nacional de Imunização (PNI), Cristiane agradeceu pelo atendimento recebido nas duas oportunidades, quando levou D. Glória para receber as doses da vacina.

“Foi no drive. A primeira dose foi no Centro de Convenções, e a segunda no PAF da ondina. O pessoal do atendimento foi muito delicado, carinhoso, atencioso e eu só tenho muito a agradecer. Foi muito rápido e sem filas. Na primeira vez, entramos na fila para médicos, mas a atendente nos orientou e não demorou””, contou.

Por fim, a professora fez um apelo para que as pessoas respeitem o isolamento e entendam o momento de sacrifício para evitar a disseminação da doença.

“Espero que as pessoas entendam que todas as vidas são importantes. Enquanto há vida, há esperança e nós precisamos fazer a nossa parte. Tomar a vacina, usar a máscara, o álcool em gel, lavar as mãos, ter cuidado com as aglomerações e ter mais paciência. Estamos no limite, mas precisamos entender que o momento é de sacrifício e de ter cuidado com as outras pessoas. E ter esperança [de] que vamos sair dessa”, afirmou.

“Como professora, quero pedir também aos pais que lutem para que os professores tomem as vacinas, antes de pedirem o retornos das aulas”, finalizou.