Cremeb-BA apura dez denúncias contra médicos adeptos do ‘tratamento precoce’ da Covid-19

Apesar de a ciência ter desenvolvido, em tempo recorde, vacinas contra a Covid-19, ainda não descobriu  um medicamento capaz de combater a infecção pelo novo corondavírus, mas ainda há médicos que prescrevem remédios sem eficácia comprovada para a doença.

Na Bahia e em Salvador, a situação não é diferente. E há profissionais que receitam o chamado ‘kit Covid’, composto basticamente por hidroxicloroquina (remédio para malária), iveremectina (vermífugo) e azitrocimina (antibiótico), mais de um ano depois do início da pandemia, quando já está claramente estabelecida a ineficácia desses medidamentos para o tratamento da Covid-19.

O Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremed-BA) afirma que uma comissão interna investiga, atualmente, a conduta de dez médicos do estado que prescreveram o coquetel de drogas aos seus pacientes. 

Endossado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), o ‘kit Covid’ é também chamado de ‘tratamento precoce’. 

Na mesma linha de Bolsonaro, o Ministério da Saúde, na gestão do ex-ministro Eduardo Pazuello, chegou lançar um aplicativo que receitava remédios como ivermectina e hidroxicloroquina, além de vitamina D,  para todos que apresentassem sintomas de Covid-19.

Para se ter uma ideia da dimensão do problema, a venda de ivermectina cresceu 857% entre abril de 2020 e março deste ano. No mesmo período, o comércio de hidroxicloroquina aumentou 126%. Confira neste link: 

https://muitainformacao.com.br/post/32818-venda-de-ivermectina-cresce-857–entre-abril-de-2020-e-marco-deste-ano

Posicionamento polêmico

Embora o Cremeb-BA investigue denúncias contra médicos adeptos do ‘kit Covid’, a entidade não comenta a motivação de cada uma delas, tampouco os possíveis resultados das apurações. 

Quanto à orientação para o tratamento médico em casos de pacientes diagnosticados com a doença, o Cremed-BA limita-se a endossar o posicionamento do Conselho Federal de Medicina (CFM) sobre o tema.

Depois do depoimento do ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, à CPI da Covid, no último dia 5, no qual ele criticou o CFM pela não reprovação do uso da hidroxicloroquina no tratamento da doença causada pelo coronavírus, a entidade representativa dos médicos ratificou que não mudará a postura de delegar ao profissional a prerrogativa de prescrever o que achar melhor para o paciente.

Disse Mauro Ribeiro, presidente do entidade: “O CFM tem acompanhado inúmeros estudos sobre o tema conduzidos ao redor do mundo. Contudo, até o momento, entende que não há evidências fortes o suficiente, ou seja, reconhecidas por sua alta evidência científica, justificando a mudança do Parecer 04/2020, onde delega ao médico e ao paciente, em comum acordo e baseados em suas prerrogativas constitucionais, a decisão sobre qual o tratamento a ser realizado”.