Câncer colorretal é a terceira causa de óbito por tumor maligno  no Brasil

O câncer colorretal (CCR) é a terceira causa de óbito por tumor maligno em homens e mulheres, sendo pulmão e mama as primeiras causas entre as mulheres, e pulmão e próstata para os homens. O CCR é o segundo tipo mais diagnosticado no Brasil, com cerca de 40 mil novos casos previstos pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) para 2020.

A depender do estágio em que seja descoberto, o câncer colorretal também pode causar a morte de pacientes jovens, como foi o caso do do ator Chadwick Boseman, protagonista do filme Pantera Negra, aos 43 anos, vítima de câncer de cólon. “Nos últimos anos estamos observando um aumento da incidência de câncer colorretal em uma população mais jovem, o que levou a Associação Americana de Câncer a baixar a idade mínima para início do rastreamento para 45 anos”, como explica o oncologista clínico, Rodrigo Guedes, coordenador da Oncologia D’Or/ Hospital Cárdio Pulmonar.

“Além de estratégias de rastreamento para detecção precoce da doença, é preciso falar das formas de prevenção. O câncer colorretal tem relação com os hábitos de vida do paciente, incluindo alimentação e a prática de exercícios físicos”, diz Rodrigo Guedes.

Como explica o médico, além da ingesta de carne vermelha em excesso, o consumo de alimentos processados e ultraprocessados está associado ao aumento do risco deste tipo de câncer. “O sedentarismo e a obesidade também são reconhecidos vilões. Logo, adotar hábitos de vida mais saudáveis, com alimentação rica em fibras, frutas e legumes e pobre em alimentos processados e carne vermelha, além de prática de atividade física e controle do peso são estratégias importantes para a prevenção”, completa Guedes.

Reforçando a importância do diagnóstico precoce, o gastroenterologista Allan Rêgo, coordenador do Serviço de Gastroenterologia, Hepatologia e Endoscopia Digestiva do Hospital Cárdio Pulmonar, diz que “cerca de 95% dos casos derivam de lesões pré-malignas (pólipos), em um processo que pode durar vários anos e de forma silenciosa”.

O médico enfatiza a importância das consultas regulares com especialistas mesmo durante a pandemia do novo coronavírus, seguindo os protocolos de segurança. “Muitas unidades já estão totalmente adaptadas para receber o paciente com segurança, com novas rotinas, novos fluxos de atendimento”, orienta.

Colonoscopia de rastreamento

“Existe a recomendação de iniciar o rastreamento a partir dos 45 anos com a realização de um destes exames: pesquisa de sangue oculto nas fezes, retossigmoidoscopia ou colonoscopia, com frequências de repetição variável de acordo com o exame adotado ou achados”, explica Allan Rêgo.

“A detecção e retirada das lesões precursoras, bem como o diagnóstico do câncer em estágios mais precoces através de exames como a colonoscopia, têm reduzido significativamente a incidência e a mortalidade por esta patologia, que tem relação também com o histórico familiar”, reforça.

O intervalo para repetição da colonoscopia deve ser determinado pelo médico a partir dos achados no exame anterior. “O tipo e o tamanho dos pólipos retirados também determinam a frequência do acompanhamento”, explica.

E, quanto mais precoce o diagnóstico e tratamento, melhor a sobrevida do paciente. “Observa-se uma sobrevida de cinco anos em 90% dos pacientes se a doença estiver localizada (restrita à parede do intestino), 68% para doença regional (envolvimento de linfonodos) e apenas 10% quando há metástases a distância”, compara Allan Rêgo.