“Vivemos uma ameaça real à nossa democracia”, diz presidente da Fenaj ao falar que “Bolsonaro saiu do governo mas a semente do ódio continua”

Para a presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Samira de Castro, a democracia brasileira vive uma ameaça real, após os atos de vandalismo praticados no último dia 8, na praça dos Três Poderes, em Brasília. Ela classifica como ações como “semente do ódio” do governo Bolsonaro.

“Vivemos uma ameaça real à nossa democracia. Eu acho que ficou comprovado que os ataques foram premeditados, eles foram pensados, planejados. Os ataques tiveram ajuda das forças de segurança em grandes medidas, eu acho que isso ainda vai ser comprovado, já há muitos indícios. E foi um momento brutal”, disse em entrevista ao jornal A Tarde desta segunda-feira (16), com Osvaldo Lyra, editor-chefe do Portal M!. 

Os prédios históricos do Supremo Tribunal Federal (STF), o Congresso Nacional, e o Palácio do Planalto foram alvos de vandalismos praticados por um grupo extremista de direita seguidores do ex-presidente Bolsonaro. Durante a concentração e invasão dos Poderes, jornalistas de diversos veículos trabalhavam à paisana em meio ao caos. 

“Havia um método, havia um modus operandi. Eles sabiam identificar os jornalistas muito bem, embora alguns tivessem ali quase que à paisana, sem identificação das empresas, mas eles souberam identificar os jornalistas e abordavam sempre em grupo e sempre confiscando material e fazendo ameaças muito pesadas”, lamentou a jornalista.

Os crimes praticados em Brasília são um reflexo do que foi o governo de Bolsonaro: marcado pela violência, descaso, agressividade e truculência. Na avaliação de Samira, mesmo que o ex-presidente tenha saído do plano federal, sua semente já foi plantada e eis que os frutos já dão sinais. “O bolsonarismo acabou”, afirmou. 

“O Bolsonaro perdeu a eleição, saiu do governo, foi retirado do governo, mas a semente desse ódio e esse tensionamento nós vamos levar tempo para reconstruir e pacificar esse país. E o jornalismo está nessa área de conflito”, acrescentou.