Sucessão no Congresso gera atrito no Democratas após rompimento entre Maia e Alcolumbre, diz jornal

Os dois nomes do partido Democratas que comandam a Câmara e o Senado, Rodrigo Maia (RJ) e Davi Alcolumbre (AP), respectivamente, romperam politicamente e estão sem falar desde desde o último dia 6 de dezembro, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) barrou a possibilidade de ambos tentarem uma recondução aos cargos. 

De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, a situação gerou uma crise interna dentro da sigla. A desavença corre risco de se agravar caso Maia escolha um nome para disputar a sucessão ao comando da Câmara contra o candidato do governo, o deputado federal Arthur Lira (PP-AL), líder do Centrão, que possa atrapalhar a ofensiva de Alcolumbre de fazer seu sucessor no Senado.

A iniciativa de interromper o diálogo partiu de Alcolumbre, que atribui a Maia parte da culpa por ter sido derrotado na Corte. O diagnóstico feito pelo presidente do Senado tem respaldo de outros integrantes do partido, para quem o comandante da Câmara foi pouco habilidoso ao lidar com a perspectiva de permanecer na presidência.

O parlamentar está no terceiro mandato consecutivo à frente da Câmara. Ele assumiu a cadeira pela primeira vez em julho de 2016, em um mandato-tampão, após a renúncia do ex-presidente da Casa, Eduardo Cunha (MDB-RJ), e não largou mais.

Em algumas entrevistas, o deputado afirmou que não pretendia tentar um novo mandato, mas a avaliação era a de que suas declarações eram pouco assertivas e que poderiam ser mais enfáticas para não deixar dúvidas.

Na véspera do veredito, no entanto, Maia fez afirmação considerada a gota d’água para Alcolumbre. Em entrevista ao jornal O Globo, ele relativizou a perspectiva de entrar na disputa pelo comando da Câmara. 

“No meio de um processo como esse, eu preciso me resguardar, não digo uma coisa nem outra”, disse Maia, questionado sobre se tentaria a reeleição.

O objetivo do parlamentar era dar uma declaração, no dia seguinte à decisão do Supremo, rechaçando a hipótese de continuar no cargo e, assim, se fortalecer no processo de escolha de seu sucessor. Nem todos, porém, acreditavam em Maia.

Ainda na véspera da decisão, aliados de Alcolumbre buscaram de novo o presidente da Câmara para que ele se manifestasse de forma mais clara, sem deixar a possibilidade em aberto, pois temiam que o julgamento no STF terminasse com um revés para o senador.

O deputado, no entanto, optou pelo silêncio, e a decisão do STF representou um balde de água fria para Alcolumbre, que há um ano se preparava para buscar um novo mandato.

Ainda no domingo, após o Supremo ter dado seu veredito, Maia telefonou e mandou mensagens para Alcolumbre. Irritado, o senador não respondeu ao correligionário. Nos dias seguintes, o parlamentar buscou contato mais algumas vezes com Alcolumbre, mas foi ignorado pelo colega, com quem mantinha um bom relacionamento até então.