Sônia Guajajara homenageia indigenista assassinado e diz que momento é de “retomada da força ancestral”

À frente da nova pasta dos Povos Indígenas, ela entra para história ao se tornar a primeira da sua etnia a chefiar um ministério


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Bruno Brito 11/01/2023 20:40 Política

A líder indígena Sônia Guajajara (PSOL) assumiu nesta quarta-feira (11) o Ministério dos Povos Indígenas. À frente da pasta, Guajajara entra para a história ao se tornar a primeira indígena a chefiar um ministério.

Durante a cerimônia de posse, ela homenageou o indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips, assassinados em uma expedição à região amazônica do Vale do Javari, no Amazonas, em junho de 2022.

“Preciso destacar a força de Bruno Pereira e Dom Philips, em memória de quem saúdo todos os nossos aliados e aliadas defensores do meio ambiente e dos direitos humanos”, afirmou.

Ela também destacou a simbologia do evento, com um discurso que focou bastante na valorização da ancestralidade, e anunciou a recriação do Conselho Nacional de Política Indigenista.

“Sabemos que não será fácil superar 522 anos em quatro. Mas estamos dispostos a fazer desse momento a grande retomada da força ancestral da alma e espírito brasileiros. Nunca mais um Brasil sem nós”, afirmou Guajajara.

Concorrida, a solenidade, que contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), registrou muitas filas. Quem não conseguiu entrar para ver, assistiu em um telão montado no primeiro andar do palácio.

Na abertura da cerimônia, parte do Hino Nacional Brasileiro foi cantado na língua dos povos Ticuna – o mais numeroso povo indígena da Amazônia brasileira.

O Ministério dos Povos Indígenas foi criado para cuidar das políticas de governo relacionadas aos indígenas como cumprimento de uma promessa de campanha do presidente Lula.

 

“Futuro do planeta é ancestral”

Em seu discurso, Sônia Guajajara afirmou que é importante que a população brasileira saiba que os indígenas “existem de diferentes formas” e que “não são o que muitos livros de história costumam retratar”.

“Estamos nas cidades, nas aldeias, nas florestas, exercendo os mais diversos ofícios que vocês puderem imaginar. Vivemos no mesmo tempo e espaço que qualquer um de vocês, somos contemporâneos deste presente e vamos construir o Brasil do futuro, porque o futuro do planeta é ancestral”, complementou a ministra.

Durante a cerimônia, a indígena Célia Xakriabá – deputada federal por Minas Gerais – fez um discurso forte em que ressaltou a importância da criação da pasta e os feitos de Sônia Guajajara.

“Esse ministério é novo, mas na verdade é ancestral. É fruto da luta. Quantas vezes estivemos do lado de fora [do Palácio do Planalto] levando bala de borracha? Estamos agora do lado de dentro. É o ministério da floresta, da terra”, disse Célia.

Sobre a ministra, Célia afirmou: “Sônia também é sabedoria, é sonho, é sol, é semente. Sônia é mulher que não se mede pela sua estatura, mas pela coragem e pela sua voz”.

 

Conselho Nacional de Política Indigenista

Sônia Guajajara também anunciou a recriação do Conselho Nacional de Política Indigenista. O órgão colegiado foi criado em 2015 e extinto pelo governo Jair Bolsonaro (PL) em de abril de 2019.

O órgão é responsável pela elaboração, acompanhamento e implementação de políticas públicas voltadas aos povos indígenas.

Ela também indicou os nomes que farão parte do ministério. São eles:

– Eloy Terena, secretário-executivo;

– Jozi Kaigang, chefe de Gabinete;

– Eunice Kerexu, secretária de Direitos Ambientais e Territoriais;

– Ceiça Pitaguary, secretária de Gestão Ambiental e Territorial Indígena;

– Juma Xipaia, secretária de Articulação e Promoção de Direitos Indígenas;

– e Marcos Xucuru, assessor especial do ministério.


“Resistência preta e indígena”

Durante o evento, Anielle Franco também assumiu o comando do Ministério da Igualdade Racial, órgão recriado por Lula. No discurso, Guajajara homenageou Anielle e destacou a simbologia das posses desta quarta.

“A nossa posse aqui hoje, minha e de Anielle Franco, é o mais legítimo símbolo dessa resistência secular preta e indígena no Brasil”, disse a ministra.

As cerimônias de posse das duas ministras estavam previstas para segunda-feira (9), mas foram adiadas em razão dos estragos deixados por bolsonaristas radicais que invadiram o Planalto e outros prédios da esplanada no último domingo (8).

 

* Com informações do Portal G1

Leia também:

“Vamos responsabilizar quem mantém política carcerária racista”, diz Anielle

 

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