PF vê propina em doação mesmo com legalidade de palestras de Lula

A Polícia Federal concluiu que as palestras feitas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre 2011 e 2015, por meio de uma empresa aberta para a realização destas conferências, depois que ele deixou a Presidência, foram legais.

Porém, no relatório, concluído na última segunda-feira (23), a instituição indiciou o ex-presidente e dirigentes do Instituto Lula, por doações no valor total de R$ 4 milhões feitas pela Odebrecht ao instituto do petista — os valores foram considerados propina, de acordo com as conclusões do inquérito da PF.

Além de Lula, foram indiciados também Marcelo Odebrecht e o ex-ministro Antonio Palocci. A PF analisou 23 palestras concedidas pelo petista contratadas pelas construtoras Odebrecht, Camargo Corrêa, UTC, Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez e OAS e pela Cervejaria Petrópolis, em um total de R$ 9.338.658,75. A defesa do ex-presidente nega.

Em relatório de 130 páginas, o delegado Dante Pegoraro Lemos, da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, analisou as palestras proferidas pelo petista no período citado acima —parte delas foi contratada por empreiteiras envolvidas no escândalo da Lava Jato.

A investigação comparou documentos apreendidos na sede do Instituto Lula, relação de eventos e fotos divulgadas pela equipe de Lula sobre as palestras, a contabilidade das empresas envolvidas e depoimentos de delações premiadas de executivos, dirigentes do instituto e pessoas ligadas ao caso de maneira geral e, apesar de não afastar a existência de crimes, não encontrou ilegalidades.

Embasamento

No mesmo inquérito a PF investigou as doações de empreiteiras envolvidas na Lava Jato ao Instituto Lula, instituição sem fins lucrativos aberta pelo petista depois que deixou a Presidência, no fim de 2010.

Em um dos casos, quatro doações no valor total de R$ 4 milhões feita pela Odebrecht, a PF viu indícios de propina. De acordo com a delação premiada de Marcelo Odebrecht, ex-presidente da Odebrecht, o valor foi abatido de uma conta virtual de propinas do PT mantida junto à empresa que seria controlada através de uma planilha em conjunto com o ex-ministro petista Antonio Palocci. Em sua delação premiada, Palocci confirmou a versão e afirmou que avisou Lula do acerto.

*Com informações do portal UOL.