PF se recusa a mostrar registros de irregularidades nas urnas eletrônicas

O comando da Polícia Federal (PF) determinou às superintendências da corporação nos Estados que encaminhassem todas as denúncias de fraudes recebidas ou apuradas desde 1996, quando o Brasil adotou a urna eletrônica.

Conforme apurou o Estadão, um mês depois a PF se recusa a dizer se necessária ou não alguma apuração sobre possíveis fraudes nas urnas. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e ministros do seu governo têm tentado pôr em dúvida a confiança do sistema eletrônico.

De acordo com informações do Estadão, foram solicitadas à Polícia Federal, por meio da Lei de Acesso à Informação, as respostas expressas pelas 27 superintendências regionais da corporação nos Estados e no Distrito Federal. O órgão, no entanto, negou o pedido. Ao responder, a PF confirmou que há uma apuração em curso sobre o tema, mas se recusou a dizer até mesmo se houve qualquer resposta das superintendências nos Estados ao pedido da direção da corporação.

Ao pedir as informações para as unidades nos Estados, o comando da PF justificou-se com o argumento de que a Câmara dos Deputados tinha acabado de instalar a comissão especial do voto impresso. Diante disso, a corporação necessária “consolidar, no âmbito deste Serviço de Repressão a Crimes Eleitorais, todos os dados referentes a denúncias de fraudes eleitorais para a implantação da urna eletrônica em 1996”. O caso foi revelado pela colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo .

O pedido do comando da Polícia Federal às superintendências regionais do órgão foi enviado depois do presidente Jair Bolsonaro voltar a dizer que houve fraude nas avaliações em 2018. No dia 9 de junho, o presidente disse, durante um culto evangélico em Anápolis (GO) , que tinha “provas materiais” de que foi eleito no primeiro turno. O presidente, no entanto, não apresentou qualquer comprovação desta alegação até hoje.

Voto impresso

A insistência de Bolsonaro na adoção do voto impresso teria uma missão de evitar como supostas falhas que ele diz existir. Nesta quinta-feira, 22, como revelou o Estadão, o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, adicionou um interlocutor ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), com uma ameaça de que não haveria anterior no ano que vem, caso não se aprovasse a proposta do voto impresso para 2022.

Dentro da Polícia Federal, o pedido foi visto como uma tentativa de obter informações que pudessem justificar as afirmações do presidente – o atual diretor, Paulo Maiurino, é considerado alinhado a Bolsonaro.

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) , não há registro de fraude comprovada envolvendo a urna eletrônica desde que ela foi adotada, nas avaliações municipais de 1996.