“Não vai ser botando um policial em cada esquina que vamos combater o crime”, afirma Wagner

Quando o assunto são os principais desafios do próximo governador da Bahia, sem dúvidas, a segurança está entre as pautas principais. Em agosto, a Rede de Observatórios de Segurança divulgou um levantamento em que a Bahia está entre os cinco estados em que as operações policiais foram as mais mortais entre junho de 2020 e junho de 2022.

De acordo com o levantamento, no período houve 1.989 mortes registradas sendo que 16% das ações policiais que resultam em mortes aconteceram na Bahia, 10,4% no Rio de Janeiro, 11,8% em São Paulo, 3,5% em Pernambuco e 2,5% no Ceará. A quantidade de chacinas em operações nas unidades da federação também chama atenção. Foram 3 no Ceará, 6 em Pernambuco, 10 em São Paulo, 11 na Bahia e 67 no Rio de Janeiro.

Diante deste cenário, o senador do PT, Jaques Wagner afirmou que “não vai ser botando um policial em cada esquina que nós vamos combater o crime”. Para ele, o uso da inteligência é importante para controlar o problema.  

“Não vai ser botando um policial em cada esquina que nós vamos combater o crime. O crime nós vamos controlar com inteligência, como é feito em países que conseguiram avançar mais nisso. Então, com as câmeras, nós já prendemos cerca de 200 a 300 pessoas criminosas. No meu governo com Rui, a gente mais do que dobrou vaga em presídio. Hoje é difícil você encontrar preso em delegacia, e antigamente era socado de preso em delegacia, disse Wagner em entrevista ao editor-chefe do Portal M! e colunista de A Tarde, Osvaldo Lyra.

De acordo com Wagner, esse cenário inviabilizava a capacidade de trabalho, porque havia delegados e agentes que ficavam envolvidos em administrar a carceragem da delegacia. “Hoje não tem mais isso. Hoje você tem carro alugado, tem munição de primeira. Ou seja, o equipamento é muito maior e nós estamos avançando com as câmeras”, destacou.

Já sobre as críticas da oposição à gestão da segurança pública na Bahia, o senador fez questão de ressaltar que o grupo político do ex-prefeito de Salvador e candidato do União Brasil ao governo da Bahia, ACM Neto, é que estava na contramão da segurança pública. Segundo ele, o grupo “não fez nada em segurança”, nos 16 anos dele chegar ao governo da Bahia, em 2007.

“É só você olhar as fotos de policial empurrando carro sem combustível. Quando eu cheguei em 2007, não tinha colete a prova de balas, não tinha armamento adequado, era 38. Não tinha munição para treinamento. Ou seja, não tinha estrutura nenhuma. Nem na Polícia Militar, nem na Polícia Civil, nem na Polícia Técnica”, afirmou.

Wagner também afirmou que Bahia teve queda dos crimes violentos contra a vida, que é “o foco sempre do que a gente faz”. Na avaliação do senador, a Bahia inclusive, está a frente de alguns estados. Sobre as críticas, ele disse que a “oposição faz o papel dela” e disparou contra Neto.

“Eu acho curioso, porque o ex-prefeito está invocando o grupo político do avô dele. E o grupo político do avô dele é uma Bahia que não se modernizou. Quem modernizou a Bahia com tecnologia, energia eólica, energia solar, metrô, as vias que estão cortando Salvador e mudando completamente o tráfego, 17 mil quilômetros de estrada, 24 policlínicas, 18 ou 19 hospitais, fomos nós”.

Ele também afirmou que o candidato do União Brasil, apesar de jovem, “é velho nas ideias”. “Ele vive falando de segurança pública, o que ele quer voltar a fazer? O grampo, como o avô dele fez? Não. Ele quer controlar segurança para fazer o quê? Segurança particular? A nossa polícia é uma polícia cidadã da sociedade. A Bahia não quer mais esse passado. E ele, apesar de jovem na idade, é velho nas ideias”, disparou.

Educação

Outro tema comentado pelo senador, foi a educação na Bahia, que também figura entre as principais demandas do próximo governador da Bahia. O tema é fruto de diversas críticas da oposição, por conta da má posição no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Segundo Wagner, em setembro o novo Ideb vai “calar a boca de muita gente”. O senador também afirmou que a Bahia dará um salto no índice.

“Vai sair agora em setembro um novo Ideb e vai calar a boca de muita gente o salto que a gente vai dar. Foi o período de Jerônimo. É óbvio que tudo que eles falarem uma parte é real. Tem carência. Estamos longe de resolver a vida dos baianos completamente. Desemprego, fome, mas andamos muito. No caso da educação, Rui dedicou os quatro primeiros anos da gestão dele em saúde: Hospital da Mulher, policlínicas, Hospital do Cacau, hospitais espalhados pela Bahia inteira”.

No entanto, Wagner explicou que, ao fim dos quatro anos de dedicação a saúde, houve o entendimento de que era necessário “levantar a educação”. E neste momento, segundo o senador, Jerônimo foi convocado como um “camisa 10”.

“Havia o reconhecimento que nós tínhamos problemas na educação. Ele convocou quem? Uma espécie de camisa 10 dele. Professor universitário que já tinha dado demonstração na agricultura familiar a capacidade de diálogo, e agora a gente está começando a colher os frutos: 240 escolas. O Ideb vai sair em setembro e vai ter muita gente, como diz a gíria baiana: apressado come cru”, concluiu.