Ministro do STF teria feito viagem de jatinho à Paris para a final da Champions bancado por advogado

O ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), fez uma viagem bate-e-volta de Brasília a Paris, no fim do mês passado para assistir à final da Champions League e a jogos do torneio de tênis de Roland Garros. As despesas teriam sido pagas por um advogado que tem processos na Corte.

O tour incluiu, ainda, o GP de Mônaco de Fórmula 1, disputado naquele mesmo fim de semana. O ministro teria feito a viagem na companhia de pelo menos um de seus filhos dele, de acordo com o portal Metrópoles.

O jatinho usado pelo magistrado foi Citation X. O custo da viagem foi de, pelo menos, R$ 250 mil. A aeronave, de prefixo PR-XXI, tem como sócio o advogado Vinícius Peixoto Gonçalves, dono de um escritório no Rio de Janeiro.

Gonçalves atua em processos em curso no STF e já foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) como operador financeiro do ex-ministro das Minas e Energia, Edison Lobão. O nome dele apareceu ainda nas investigações sobre pagamentos de propina relacionados às obras da usina nuclear de Angra 3.

Viagem

Nunes Marques embarcou no setor de aviação executiva do aeroporto de Brasília no fim da tarde de 26 de maio, uma quinta-feira. Posteriormente, foi realizada uma escala rápida em Cabo Verde, na costa africana. O jatinho particular seguiu direto para o aeroporto de Le Bourget, nas proximidades de Paris.

A viagem de volta a Brasília teve início na segunda-feira, dia 30, e o ministro pousou na cidade no início da madrugada de terça, 31.

Procurado pela reportagem do Metrópoles, inicialmente Kassio Nunes Marques preferiu não se manifestar. No entanto, já no início da madrugada deste sábado, ele enviou uma nota em que diz lamentar a publicação do que classifica como “informações falsas”. Por sua vez, o magistrado não esclarece por que embarcou em um avião pertencente a um advogado que tem causas no STF.

Na nota, ele não nega ter viajado a Paris no jatinho de Vinícius Gonçalves, mas sustenta que o advogado não pagou qualquer despesa sua. “Vinícius Gonçalves, citado pela reportagem, não pagou qualquer despesa do ministro. O advogado também nunca pôs avião à disposição do ministro. Nunca tiveram contato anterior à viagem, nem pessoal, nem telefônico”, afirma a nota.

O texto, em seguida, aponta que o ministro jamais visitou Mônaco ou Roland Garros. “O jornalista também erra ao afirmar ter ocorrido um tour, pois o ministro jamais fora a Mônaco ou a Roland Garros. A matéria, portanto, baseia-se em informações erradas para criar um contexto que não existe”, prossegue.

No entanto, segundo a reportagem, a programação da viagem incluía, sim, esses dois eventos, para além da final da Champions League.