Ministro da Justiça coleciona polêmicas ao se expor para defender Bolsonaro

Desde que tomou posse como ministro da Justiça, no final de abril, André Mendonça fez, em mais de uma ocasião, o que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) havia pedido dias antes na fatídica reunião ministerial do dia 22 de abril, quando Sergio Moro ainda era o titular da pasta: tirou “a cabeça da toca” e se expôs na defesa do governo ou mesmo do chefe.

De acordo com a Folha de São Paulo, diferente do antecessor, Mendonça, apesar de ter perfil discreto e silencioso, tem tido uma postura oposta a do ex-juiz da Lava Jato. Em pouco mais de dois meses, ele tomou ao menos três atitudes polêmicas para defender o presidente ou colegas.

Na semana passada, o ministro reagiu a artigo veiculado na publicação paulista, pelo colunista Hélio Schwartsman, intitulado “Por que torço para que Bolsonaro morra”, após o presidente anunciar que contraiu coronavírus. Na ocasião, Mendonça pediu à Polícia Federal a abertura de uma investigação para averiguar se Schwartsman infringiu a Lei de Segurança Nacional (LSN).

Antes, em 15 de junho, o ministro já havia solicitado outro inquérito para apurar uma charge reproduzida pelo jornalista Ricardo Noblat, que associa o presidente ao nazismo, com base na mesma legislação. A imagem, de autoria de Renato Aroeira, foi compartilhada pelo perfil do Blog do Noblat no Twitter.

Ainda conforme a publicação paulista, à aliados, Mendonça disse que pediu as investigações porque o presidente o comunicou que se sentira ofendido pelas publicações e pedira providências.

Ministros aposentados do Supremo Tribunal Federal (STF) e antecessores de Mendonça dizem que cabe ao chefe da pasta agir em casos de crimes contra a honra do presidente. Porém, nesses casos, criticam a medida. Eles dizem que as investigações não vão prosperar e rechaçam o uso da LSN – dispositivo da ditadura, considerado extremo.