“Há um distanciamento muito grande da OAB nacional da base da advocacia”, diz Luiz Viana Queiroz

Um dos responsáveis pelo movimento lançado na última semana em defesa da advocacia, Luiz Viana, vice-presidente nacional da OAB, enfatizou ao Portal M! que é necessário se aproximar mais dos advogados e advogadas “que estão na ponta”. “Há um distanciamento muito grande da OAB nacional da base da advocacia”.

“Outro dia eu vi uma frase e achei muito interessante. “Quem entende do pingado é quem está embaixo da goteira”. Ou seja, a gente precisa se aproximar mais da advocacia que está na ponta. Os advogados e advogadas, os mais jovens, estão lá na ponta, vivendo os seus problemas cotidianos, para que a gente possa contribuir para enfrentar as dificuldades e solucionar os problemas. O que eu percebo hoje é que há um distanciamento muito grande da OAB nacional da base da advocacia, que está no dia a dia advogando”, disse.

Viana também falou ao M! sobre os baixos salários, um dos principais problemas apontados, sobretudo pelos jovens advogados.

“Eu penso que uma das crises que a gente está vivendo é exatamente a crise econômica. Ao lado de uma crise política, moral e jurídica. Mas a crise econômica tem atingido muito fortemente a advocacia, e a advocacia mais jovem, e nesse momento de pandemia isso tudo fica ainda mais difícil e mais complicado”, afirmou.

Ele disse ainda que a crise sanitária de hoje atinge diretamente a advocacia e sobretudo aqueles que estão iniciando.

“O que gente pode fazer é primeiro conversar com os advogados e advogadas para entender quais são as suas prioridades. E, a partir das prioridades definidas pela advocacia, a nossa entidade poder se comprometer com aquilo que vai fazer para a melhoria”, explicou.

Outra avaliação do vice-presidente nacional da OAB é sobre a participação da OAB o esforço de vacinação contra a Covid-19.

“Uma das prioridades neste momento é a vacinação. Todo mundo muito preocupado com essa quantidade absurda de mortes, e a gente vendo que o governo e o Ministério da Saúde não conseguem lidar de forma eficiente no combate à pandemia. Diante disso, defendemos que a OAB deva participar do esforço de vacinação”, ressaltou.

“Através das caixas de assistência da advocacia espalhadas por todas as seccionais. O que a gente precisa é ter uma ideia de custo, ver de que maneira a OAB pode participar passando o custo para quem pode pagar e assumindo o custo da vacinação de quem não pode pagar. Mas até isso, que parece que é uma prioridade universal, a gente tem tido dificuldade de avançar internamente na OAB”, completou.

Questionado sobre a prestação dos serviços da Justiça baiana, Viana, que já presidiu a OAB Bahia durante seis anos, disse que o Tribunal de Justiça tem feito um esforço grande para a melhoria da prestação jurisdicional.

“Fui seis anos presidente da OAB da Bahia e eu tive um diálogo crítico e franco com o Tribunal de Justiça nos diversos presidentes que passaram ao longo desse período. Eu penso que o Tribunal de Justiça, a mesa diretora atual e o seu presidente têm feito um esforço grande para a melhoria da prestação jurisdicional, mas é preciso entender que o Tribunal de Justiça está sob o foco de uma investigação grande e profunda, a partir da Operação Faroeste. Eu faço votos de que o Tribunal possa fazer uma autocrítica, encontrar os responsáveis por aquilo que tenha sido mal feito e melhorar a sua prestação jurisdicional”, pontuou.

“Penso que o Judiciário baiano tem problemas estruturais, percebo um esforço para enfrentá-los e poder ter uma prestação jurisdicional melhor, mas nesse momento que o Tribunal de Justiça pode contribuir de forma absolutamente necessária par todos nós, é olhar para si mesmo e identificar quem são os responsáveis pelos mal feitos, sob a investigação que está o STJ, cortar na própria carne para extirpar aqueles que tenham cometido irregularidades e absolver aqueles que não tenham praticado nada na ilicitude. Eu acho que o Tribunal está sob a expectativa de toda a sociedade baiana e da advocacia de que encontre o melhor caminho a seguir”, finalizou.