Embaixador da China no Brasil critica Otan e lamenta danos a civis na Ucrânia

O embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, lamentou os danos causados a civis na Ucrânia, após a invasão da Rússia ao país vizinho, mas manteve a posição de Pequim de criticar a expansão da Otan e de apoiar a nação comandada por Vladimir Putin, aliada histórica.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, apesar de defender o respeito à soberania dos países, Wanming afirmou que a conjuntura de segurança no Leste Europeu foi alterada com a expansão da Otan, a aliança militar ocidental.

“Os países devem fazer uma reflexão sobre as causas da situação atual”, disse o diplomata, que está deixando o Brasil para assumir novas responsabilidades na China.

Turbulências com os Bolsonaros

Ao longo de pouco mais de três anos à frente da representação em Brasília, o embaixador viu as relações sino-brasileiras passarem por turbulências. 

O presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados desferiram ataques contra a China, e Wanming, seguindo a postura “lobo guerreiro” da diplomacia de Pequim, entrou em mais de um bate-boca virtual com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (União Brasil-SP).

O então chanceler Ernesto Araújo chegou a pedir a cabeça do diplomata – e foi ignorado. Com a troca de chefia no Itamaraty e a eleição de Joe Biden nos EUA, o esquadrão anti-China do governo federal se tornou mais discreto. 

“O tempo e os fatos vão comprovando que uma relação sino-brasileira baseada no respeito mútuo corresponde ao interesse comum”, disse o diplomata.