Em live, Bolsonaro se contradiz ao afirmar que nunca chamou Covid-19 de ‘gripezinha’

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) caiu em contradição ao afirmar, durante live realizada na última quinta-feira (26), que nunca chamou a covid-19 de “gripezinha”. 

De acordo com o jornal Estado de S.Paulo, na transmissão, o chefe do Executivo nacional lançou um desafio, pedindo que apresentassem vídeos ou áudios em que ele tenha citado o termo. Ele fez o comentário ao citar estudo de universidades brasileiras, que sugerem risco 34% menor de internação em pacientes que praticam atividade física regularmente.

“Eu falei lá atrás que no meu caso, pelo meu passado de atleta, não generalizei, se pegasse o covid não sentiria quase nada. É o que eu falei. O pessoal da mídia, grande mídia, falando que chamei de gripezinha a questão do covid. Não existe um vídeo ou áudio meu falando dessa forma. Eu falei pelo meu estado atletico, minha vida pregressa”, disse o presidente.

“Nunca fui sedentário e disse que se o vírus um dia chegasse em mim não sentiria quase nada pelo meu passado de atleta. O pessoal foi para a gozação, falaram que eu estava menosprezando as mortes, zombando”, acrescentou.

Porém, em pelo menos duas oportunidades ele comparou os sintomas da covid-19 a uma gripe. No mês de eclosão da pandemia, em março, o presidente citou o termo “gripezinha”, pelo menos duas vezes, ambas gravadas em vídeos oficiais do governo federal e transmitidas ao vivo.

A primeira vez foi em 20 março, durante entrevista coletiva, no Palácio do Planalto. “Depois da facada não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar, tá ok?”, afirmou Bolsonaro, ao responder questionamento do Estadão sobre o motivo pelo qual não divulgava de forma transparente o laudo completo dos exames negativos dele para o coronavírus (à época, o presidente apenas dizia que não havia sido infectado, o que ocorreria mais tarde).

Quatro dias mais depois, Bolsonaro voltaria a citar a “gripezinha”. Usou a expressão que minimiza os riscos da doença durante pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão, em 24 de março. Na ocasião, vinculou os sintomas à sua capacidade física. 

“No meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar, nada sentiria ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho, como bem disse aquele conhecido médico daquela conhecida televisão”, declarou o presidente, em referência ao doutor Dráuzio Varella, da TV Globo, cuja atuação motivou disputas de narrativa política por parte de apoiadores do bolsonarismo.