Ciro Gomes afirma que Lula está “tomado de ódio” e que não se aliará ao PT “nunca mais”

O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) afirmou, em entrevista ao jornal O Globo, ser improvável uma aliança entre os presenciáveis que, além dele, subscreveram um manifesto pela democracia no mês passado – os outros signatários foram João Doria (PSDB), Luiz Henrique Mandetta (DEM), Eduardo Leite (PSDB), João Amoêdo (Novo) e o apresentador Luciano Huck (sem partido).

Ciro garante nunca mais fazer aliança com o PT, diz que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está “tomado de ódio” e acrescenta ter “convicção” de ter tomado a decisão certa ao deixar o o país em 2018 durante o segundo turno da eleição entre Jair Bolsonaro (à época no PSL e hoje sem partido) e Fernando Haddad (PT).

Para as eleições do próximo ano, Ciro projeta a ausência do presidente Bolsonaro no segundo turno. Ele avalia que o pleito será “mais reflexivo do que passional”, uma vez que predominou em 2018, na avaliação dele, um “antipetismo irracional”. Para Ciro, ele e Lula estarão no segundo turno em 2022.

“Não sei quem será o próximo presidente, mas estou seguro de que não vai ser Bolsonaro. Isso tem importância grande porque descomprime o eleitor. Parte do eleitorado vota no PT porque não quer Bolsonaro, ou no Bolsonaro porque não quer o PT. À medida em que Bolsonaro passe a aparecer como derrotado nas pesquisas, as pessoas vão tentar outra via. Trabalho por um cenário realista no qual Lula e eu estaremos no segundo turno, o que ofereceria ao povo debate de alto nível”, pontuou.

Sobre a união das candidaturas de centro, Ciro acredita ser improvável. “O ideal seria que todo mundo que acha que o lulopetismo e o bolsonarismo não prestam ao país fizesse enorme esforço de unificação para dar ao povo uma via alternativa concreta e produtiva que diminuísse o nível de ódio e paixão. Mas, realisticamente, não é provável. Há um conjunto de respostas diferentes nas cabeças das pessoas”, explica, referindo-se aos demais presenciáveis de centro.

Ciro também sobe o tom ao falar sobre Lula, a quem diz sentir afeto, mas não admirar “porque ele não tem nenhum tipo de escrúpulo ou limite”. Para o ex-ministro, devido à sua postura crítica sobre o PT e seu maior cacique, o eleitor lulopetista prefere até votar em Bolsonaro do que nele. “Lula virou uma pessoa que o que diz de manhã já não serve de tarde. Está tomado de ódio. Tudo o que domina Lula hoje é a vontade de se vingar”, dispara.