Aliados veem Bolsonaro acuado e com discurso golpista para mobilizar base após aliança com centrão

Aliados de Jair Bolsonaro (sem partido) avaliam a renovação do discurso do presidente como uma tentativa de manter sua base radical mobilizada diante de uma sucessão de acontecimentos que têm desgastado o governo ou colocado em xeque o discurso com o qual se elegeu em 2018.

“Queremos alterações, votar, mas não aceitaremos uma farsa como querem nos impor. O soldado que vai à guerra e tem medo de morrer é um covarde. Jamais temerei alguns homens aqui no Brasil que querem impor sua vontade”, disse o presidente, no sábado (31), após participar de motociata em Presidente Prudente (SP).

A fala de Bolsonaro ocorre dois dias depois de ele ter promovido o mais duro ataque contra as urnas eletrônicas , numa live de duas horas também veiculada na rede de televisão pública do governo.

Embora tenha se comprometido, inclusive com o novo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, a baixar a fervura da crise, Bolsonaro manteve o discurso radicalizado no sábado.

Os interlocutores disseram à Folha , sob condição de anonimato, que Bolsonaro não tem condições políticas atualmente de abandonar a pauta do voto impresso e de deixar de suspeitas sobre a eleição do ano que vem.

Isso porque esses temas se converteram, segundos esses interlocutores, não novo combustível para manter uma base bolsonarista coesa.

O presidente costuma atuar para preservar o seu colchão de apoio na população em momentos de dificuldade.

Os auxiliares dizem que o presidente se sente acuado pela perda de popularidade, pelo avanço das investigações da CPI da Covid no Senado e pelas dificuldades de encontrar um partido político para disputar a reeleição em 2022.

*Com informações da Folha