“A gente está lidando com o racismo sistêmico”, diz Silvio Humberto no Dia das Ações Afirmativas

Em 25 de abril é comemorado, em Salvador, o Dia Municipal das Ações Afirmativas, criado em 2015 por iniciativa do vereador Sílvio Humberto (PSB). A data tem como marco o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) que em 2012 considerou constitucional a política de cotas étnico-raciais para seleção de estudantes de universidades públicas federais.

Para o vereador, o dia é um marco na história e um pontapé para outras batalhas adiante. “Desde 2016 que a gente vem em um processo de celebrar essa data porque a gente entendeu que foi um marco histórico, um marco legal, um divisor de águas e os resultados estão aí. De fato, nós aumentamos a diversidade étnico racial nas universidades, ampliamos as diversidades dentro das universidades, mas a gente está lidando o racismo que é sistêmico, é estrutura, então não tem descanso”, pontuou Sílvio Humberto, durante entrevista com o editor chefe do Portal M!, Osvaldo Lyra.

“Você tem que usar o conveniente para aqueles que se valem das conveniências para querer os cursos de maior prestígio social e isso também vale para dentro do mercado de trabalho, na qual eu fiz um projeto para a Câmara de Vereadores, trazendo reserva de vagas para as pessoas que se declaram pretas e pardas e o resultado está aí nos últimos concursos”, considerou o vereador.

Ele também pontuou que a luta contra o racismo é algo constante, que não pode parar e a causa ainda é fortalecida quando se tem o envolvimento de mais personalidades pretas na política brasileira. “Então, é assim, quem luta por liberdade, eu aprendi que não tem descanso, não tem aposentadoria. Neste momento, nesta quadra que nós vivemos, um governo central de retrocesso civilizatório e este é o ano de revisão das políticas de ações afirmativas para universidades”, falou.

Política

“Então, há projetos que de lado propôs prorrogar por 10, 20 anos,  e por outro lado um projeto que propõe a sua completa revogação. Daí vem a importância de candidaturas que defendem essa pauta. Candidaturas que entendam o quanto é fundamental para esse país avançar com a igualdade racial, ou seja, avançar com igualdade pra valer. Então, neste sentido, a escola vai continuar ou não é uma escolha política e por isso precisamos de candidaturas comprometidas em todos os níveis para fazer avançar a igualdade racial”, acrescentou o legislador que vai concorrer a deputado estadual nas Eleições 2022.

Sílvio Humberto ainda comentou sobre a união dos cidadão autodeclarados pretos ou pardos, principalmente, no momento de escolha do voto para um determinado candidato. Questionado sobre a questão de candidatos políticos, muitas das vezes, não receberem apoio dos pretos ou pardos, o vereador fez uma analogia aos átomos.

“Somos um estado de maioria negra e a cidade de Salvador reflete isso, mas o voto negro, chamado voto consciente, ainda precisa avançar muito sobre o voto do negro sobre o voto da negra, que é esso voto popular. É como você imaginar o átomo. O átomo sozinho é pequeníssimo, mas quando se juntam, no mínimo tem uma bomba atômica. E essa bomba atômica, que neste caso aí, é para ‘detonar’ a injustiça racial que nós vivemos e para garantir justiça racial nós precisamos de representatividade e por isso que estou colocando a minha candidatura junto com outros para aumentarmos a representatividade das pessoas negras e indígenas na próxima legislatura”, concluiu.

Aos olhos dele, os candidatos que representam a causa são os pré-candidatos a governador Jerônimo Rodrigues (PT) e vice, Geraldo Júnior (MDB). “Eu acho que o companheiro Jerônimo Rodrigues e o Geraldo Júnior têm uma missão. Jerônimo por ser um afro índigena deve fazer como meta a maior bancada negra e indigina de todos os tempos, tanto na assembleia legislativa como no plano federal. Essa é uma missão histórica e no momento eu acredito que, com ele, podemos fazer isso”, concluiu.