Setembro em Flor: ginecologista fala sobre prevenção dos cânceres ginecológicos
Ana Gabriela Travassos, convidada do Podcast do Portal M!, recomenda consultas periódicas, vacinação contra HPV e autocuidado
Realizada pela comunidade médica, a campanha Setembro em Flor visa a conscientização quanto à prevenção dos cânceres ginecológicos: endométrio, ovário, vagina, vulva e – o mais comum deles – colo de útero. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), em 2022, o Brasil registrará cerca de 30 mil novos casos dos três principais tipos de cânceres ginecológicos: 16,7 mil de colo de útero, 6,6 mil de ovário e 6,5 mil de endométrio.
Para falar sobre esses tipos de câncer, como se manifestam e de que forma podem ser prevenidos, o Podcast do Portal M! recebeu a médica ginecologista Ana Gabriela Travassos, que atende nas clínicas IDEM e AMO. Ela é professora adjunta da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), mestra em Patologia Humana pela Fiocruz/UFBA e doutora em Medicina e Saúde pela Ufba.
Colo de útero
Apontado como a terceira causa de morte feminina por câncer no país, atrás dos tumores de mama e do intestino, o câncer do colo do útero pode ser prevenido. Mas as estatísticas não se reduzem no Brasil, e Ana Gabriela aponta dois problemas que colaboram para este quadro.
O primeiro é dificuldade de acesso ao rastreamento, que é a realização do exame preventivo mais conhecido como papanicolu, e o segundo é a falta de tratamento das lesões precursoras detectadas no procedimento.
Segundo a médica, não existem muitos serviços no país que realizam o tratamento dessas lesões precursoras, e isso faz com que muitas mulheres fiquem com exames alterados por um tempo grande, aumentando as chances de o problema se agravar. “Se essas mulheres não tratarem as lesões, cerca de 2% vão evoluir para o câncer”, alertou.
Ana Gabriela ressalta que o câncer de colo de útero precisa ser rastreado nas mulheres de 25 a 64 anos. Como geralmente, a doença não oferece sintomas na sua fase inicial, é preciso um rastreio constante através dos exames preventivos. A vacina contra o HPV, vírus intimamente relacionado a este tipo de câncer, também é uma ferramenta indispensável.
Endométrio
Este tipo de câncer aparece, principalmente, nas mulheres que possuem uma multiplicação celular do endométrio. O sinal maior deste tipo de tumor é o sangramento genital.
“Aquela mulher que entrou na menopausa, com mais de um ano sem sangramento nenhum, e começa a sangrar de repente – este é um sinal de alerta. Ela precisa procurar um ginecologista para investigar. Se ela estiver fazendo reposição hormonal, ela vai precisar fazer um seguimento mais cuidadoso, anual, justamente pelo fato de estar usando medicamento”, explicou a ginecologista.
Ana Gabriela falou também sobre a associação entre a reposição hormonal e este tipo de câncer, desmistificando a prática.
“A reposição hormonal só vai estimular esse crescimento se ela for feita de maneira inadequada. A gente tem, na reposição hormonal habitual, o uso do estrogênio e da progesterona. O estrogênio estimula essa divisão celular, e a progesterona reduz essa reprodução celular. Então, as mulheres que usam só o estrogênio podem vir a apresentar essa alteração. Mas no momento que você usa a progesterona, você reduz esse risco. O problema é que muitas mulheres que não fazem a reposição não se percebem em risco”, detalhou.
Ovário
Este tipo de câncer ainda não conta com nenhum exame de rastreamento. Ele é silencioso, agressivo e está muito associado a alterações genéticas, mas existe uma parcela grande de tumores de ovário que não tem relação nenhuma nem com a genética, nem com a história da mulher.
Dentre os sinais de alerta para a doença estão o aumento de volume abdominal – quando a barriga começa a crescer de maneira estranha, parecendo que tem líquido dentro -, além de dores ao apalpar a região e durante a relação sexual.
Ana Gabriela ressalta que existe um exame físico que deve ser realizado durante a consulta ginecológica, que é o toque vaginal. “Ao perceber que há um aumento dos ovários, aí sim a gente vai investigar que alteração é essa. Em geral, o primeiro exame para a investigação é o ultrassom transvaginal”, afirmou.
Vulva e vagina
Os tumores de vulva e vagina aparecem em menor frequência e também são relacionados ao HPV – por isso podem ser prevenidos com a vacinação. Em geral, a doença se manifesta com feridas na vulva e lesões na vagina.
“Muitas vezes, a paciente não vai ver essas lesões internas, mas elas podem sangrar, então vai sair uma secreção estranha, sanguinolenta. Ao perceber algum desses sinais, é preciso procurar um médico”, descreveu a ginecologista.
Ela também ressaltou que, em geral, esses tipos de câncer são mais frequentes em mulheres mais velhas, mas já tem sido identificado em pessoas a partir dos 40 anos.
Atenção à saúde
Ana Gabriela Travassos ressaltou alguns fatores de risco para o câncer aos quais as pessoas devem ficar atentas. “O tabagismo está associado, a exposição ao HPV – que é a relação desprotegida que faz com que você se exponha a vários tipos de HPV -, a obesidade, o uso de álcool em grande quantidade, dentre outros”, listou.
Entre as boas práticas a adotar, a ginecologista recomenda uma alimentação balanceada e o autocuidado.
“Se olhar, se tocar, perceber seu corpo para que você possa procurar uma ajuda profissional ao menor sinal de alteração. No caso do HPV, quem puder se vacinar, fazer isso também. No SUS, a vacina está disponível para as meninas e meninos de 9 a 14 anos, para pessoas com HIV, em tratamento oncológico ou transplantados de 9 a 45 anos. Nos serviços privados, a vacina do HPV também está disponível para qualquer pessoa de 9 a 45 anos”, orientou.
Confira a íntegra no nosso podcast:
Leia também:
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