Psicólogo explica como lidar com os danos emocionais da violência doméstica

Convidado do Podcast do Portal M!, Sergio Manzione destacou o papel da psicoterapia e da rede de apoio para o processo de cura


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redacao 09/12/2023 15:00 Podcast

Convidado do Podcast do M!, o psicólogo clínico Sergio Manzione, colunista do portal, falou sobre a violência doméstica, as suas variadas formas e quais danos pode acarretar na vida da vítima e das pessoas do entorno.

Segundo o especialista em avaliação psicológica, psicoterapeuta, escritor e palestrante, a psicoterapia tem papel fundamental no processo de autoconhecimento da mulher e, por consequência, no seu fortalecimento para sair de um relacionamento abusivo e denunciá-lo. A terapia também permite que ela rompa ciclos e evite a repetição desse perfil ao buscar novos parceiros.

Manzione destacou que a mulher que passa por violência doméstica também sofre consequências emocionais importantes no processo.

“Ela tem dificuldade de comportamento, transtornos de humor, pode ter ansiedade, depressão, baixa autoestima, dificuldade para controlar as emoções, se sente perdida, não sabe para que lado vai, não sabe mais tomar decisões, tem medo de relacionamentos, vai ter dificuldade no contato social, não vai confiar nas pessoas, principalmente nos homens”, enumerou o psicólogo.

Diante desse cenário, essa mulher amedrontada, segundo o especialista, pode passar a ter medo também de andar na rua, da violência urbana, o que só vai dificultar a sua reintegração na sociedade, inibindo o desenvolvimento de uma atividade ou de algum trabalho que possa lhe dar mais independência financeira e psicológica.

“Claro que quando isso ocorre com mulheres, por exemplo, de alto poder aquisitivo, que tem um alto padrão social, intelectual e de educação formal, o sofrimento é o mesmo, porque a pessoa passa por aquele sofrimento da mesma forma, dói do mesmo jeito, mas ela tem outros recursos para poder reagir”, explica.

Psicólogo Sérgio Manzione destaca papel do Estado para combater a violência doméstica 

 

Fator financeiro

Mazione afirmou que, no caso das vítimas de violência que não possuem estrutura financeira, outro elemento é adicionado à quebra das relações abusivas.

“A pessoa pobre, que está numa situação de vulnerabilidade social e muito mais propensa a ter problemas de agressão continuada e também no pós-relacionamento, como é que ela fica? E aí é que é [entra] o papel do Estado, que deve estar presente para acolher essa mulher e colocá-la num patamar em que ela possa ter autonomia, dignidade e cidadania. Ela precisa voltar a ter a sua cabeça erguida, precisa olhar as pessoas e confiar nela mesma”, pontua.

Recentemente, a apresentadora Ana Hickmann e a cantora Naiara Azevedo denunciaram terem sido vítimas de violência doméstica cometida por seus parceiros. Para Manzione, casos que envolvem pessoas famosas, com repercussão maior entre o grande público, devem ser abordados e utilizados como exemplo para que outras mulheres se sintam encorajadas a romper relações abusivas e denunciá-las.

Psicoterapia como saída

Sergio Manzione explicou que há alternativas para mulheres que vivenciaram situações de violência doméstica ou que ainda estão presas à essa realidade. A psicoterapia, por exemplo, é um caminho.

“Para que ela possa, primeiro, lidar com esse trauma todo que aconteceu, tirar essa visão da culpabilização, de achar que ela pode ser a culpada das agressões, e colocá-la, de fato, no papel de vítima, para poder compreender isso tudo. Depois disso, tirá-la desse papel de vítima, para que ela não fique sofrendo eternamente com o eco das agressões, que é aquilo atormentando, mesmo depois que ela já esteja em outro patamar, anos depois”.

A psicoterapia auxilia na compreensão do que foi vivenciado e dos tipos de relacionamentos que a vítima vive para que ela não retorne a outra relação tóxica e possa readquirir confiança em si mesma. Manzione ressaltou, entretanto, que o processo de cura precisa ser multidisciplinar, incluindo também uma forte rede apoio.

Não se cale, denuncie!

É possível buscar apoio nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), nos Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) e nos Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS), assim como nos núcleos da Defensoria Pública e do Ministério Público.

Vale lembrar que o Ligue 180 é um serviço do Governo Federal que funciona 24 horas por dia durante todos os dias da semana. Por meio desse canal, a mulher pode registrar denúncias e saber mais sobre os programas ou equipamentos disponíveis para atendê-la. O Ligue 180 também recebe denúncias, inclusive anônimas.

Além disso, é possível recorrer a uma Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM). Qualquer delegacia de polícia pode registrar as ocorrências. Em casos emergenciais, quando a mulher estiver sob ameaça ou risco de morte, recomenda-se ligar para o 190.

Leia também:

Violência doméstica: por que algumas mulheres conseguem denunciar e outras não?

Confira o podcast na íntegra:

Muita Informação · MI – SERGIO MANZIONE

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