“O racismo é um fenômeno que compromete, identicamente, a esquerda e a direita”, diz professor Samuel Vida

Ao Podcast do M!, Vida citou a Bahia, e disse “rejeitar” ideia de “comprometimento” da esquerda com o combate ao racismo


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Bruno Brito 27/11/2022 14:48 Podcast

No Novembro Negro, o advogado e professor de Direito da Universidade Federal da Bahia, Samuel Vida, participou do Podcast do Portal M!. Entre outros temas, ele falou sobre a questão da letalidade policial, sobretudo, em relação à população negra, que acaba sendo perceptível até em governos de esquerda, como é o caso da Bahia.

Sobre o tema, o professor alertou que é “absolutamente falsa” a hipótese de que, o mero fato de uma ala política se “declarar de esquerda”, não vai garantir que ela “não reproduza as práticas racistas”. Na avaliação dele, o racismo é um fenômeno que compromete, identicamente, a esquerda e a direita.

“Quando vamos averiguar de perto, descobrimos que as experiencias de gestão, experiências políticas de esquerda, em alguns momentos, chegam a ser mais letais do que as da direita”, aponta.

Como exemplo, Samuel Vida cita o governo da Bahia, encabeçado por Rui Costa (PT). “É o estado cuja polícia atinge os índices mais graves de letalidade, e isso se desenvolveu nos 16 anos de governo do PT. Nós temos a polícia que mais mata pessoas negras, nós temos um estado de altíssima letalidade policial contra pessoas negras, em governos de esquerda. E temos uma piora, se pegarmos os dados iniciais, que antecedem a chegada petista ao poder e compararmos aos atuais, o crescimento é assombroso”, ressalta.

Por conta desse cenário, o especialista afirmar “rejeitar” a ideia a de que, exista uma “preferência ou comprometimento” da esquerda com o combate ao racismo. No entanto, o professor aponta que há uma diferença retórica entre esquerda e direita.

“Há uma diferença retórica. Evidentemente que, no plano discursivo, a esquerda não chancela o racismo, não declara ser natural, mas na prática concreta, não se verifica isso. Entre os estados mais violentos e mais engajados com o genocídio estão os governados pela esquerda, como o Ceará que é governado pelo PT, Maranhão pelo PCdoB, a própria Bahia. Então, não podemos fazer essa associação simplória”.

Segundo o professor, é preciso que haja um debate profundo sobre o que é o racismo, para que seja possível, junto a governos de direita ou esquerda, adotar uma agenda antirracista.

“Ela não é uma agenda que pode ser confinada em um campo ideológico ou nas mãos de um partido, seja ele qual for. A agenda antirracista deve ser concebida como agenda de toda a sociedade, mesmo com as diferenças ideológicas que marcam direita e esquerda, o desejável é que todos esses setores compreendam o que é o racismo”.

Crítica ao governo Bolsonaro

O especialista chama atenção, porém, que a ascensão da extrema direita ao poder, representada pelo governo Jair Bolsonaro (PL), trouxe um agravamento do racismo, pois foi responsável por dar mais legitimidade à prática.

“Afinal, quando você tem um presidente da República dizendo que quilombolas são pesados em arroba, dizendo que a discriminação racial é inexistente no Brasil, o quanto qualifica o comportamento de quem denuncia o racismo como ‘mimimi’, claro que você tem um agravamento, porque você cria um ambiente público de favorecimento à essas práticas”, explica.

Diferença entre esquerda e direita

Por fim, o especialista explicou que as críticas, porém, não significam dizer que não existem diferenças entre a esquerda, direita e a extrema direita, mas sim, que não possível dizer que, quaisquer desses setores, possuem um “compromisso assegurado no combate ao racismo”.

“Precisamos cobrar de todos e transformar isso numa agenda suprapartidária, capaz de ser movida pelas pessoas negras e das parcelas não negras, que são comprometidas com a democracia. O racismo não é um problema que diz respeito apenas à vida das pessoas negras, portanto, precisamos enfrentar nessa amplitude”, afirmou.

Confira o podcast na íntegra:

Muita Informação · M! – SAMUEL VIDA

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