Novembro Azul: urologista destaca avanços no tratamento do câncer de próstata

Chegou o Novembro Azul, mês de conscientização quanto a importância do diagnóstico precoce do câncer de próstata, o primeiro em incidência, exceto o de pele não melanoma, e o segundo em causa de morte, atrás apenas dos tumores de pulmão. Segundo o Instituto Nacional do Câncer, são estimados 65,8 mil novos casos da doença no Brasil, sendo 6.130 na Bahia.

Apesar dos avanços no diagnóstico e no tratamento, existem muitos tabus relacionados ao câncer de próstata. Para entender melhor sobre a incidência da doença e a seguridade da terapia cirúrgica, o podcast do Portal M! conversou com o médico urologista Juarez Andrade.

A cirurgia para tratamento da enfermidade foi, ao longo de muitos anos, associada à disfunção erétil e a dificuldade de urinar. Diante disso, pelo fato de alguns pacientes apresentarem tumores que se desenvolvem muito lentamente, essa acaba nem sendo a sua causa de morte e o tratamento foi tratado como uma controvérsia. Para o especialista, a cirurgia é a indicação mais eficiente para os casos de desenvolvimento avançado do tumor.

De acordo com o urologista, no período entre o final dos anos 1980 para o início dos anos 1990 foi quando ocorreu os avanços no diagnóstico e no tratamento da doença. “Foi nessa época, quando houve o advento do PSA, que é uma proteína que a próstata fabrica que começa a aumentar as chances do câncer no local. Por isso, quando ela aumenta, deve ser investigado para descobrir se isso se trata de um câncer de próstata. Ou seja, a identificação passou a ter mais eficiência. Também nesse período, o tratamento cirúrgico se desenvolveu muito. Os casos de câncer de próstata passaram a ser melhor operados”, esclareceu.

O médico explicou que a próstata é uma pequena glândula, que pesa até 30 gramas, que é associada a fertilidade, não relacionado à sexualidade, como se acredita. O órgão produz parte do líquido seminal, que serve para nutrir e ajudar na veiculação do espermatozoide, portanto, é necessário que esteja funcionando regularmente para que haja fertilidade.

Diante disso, até os anos 1990, a doença era muito agressiva e provocava, com uma certa frequência, incontinência urinária e disfunção erétil. Foi então que cientistas americanos estudaram, através da microscopia eletrônica, a anatomia da região da próstata e a cirurgia passou a ser mais seletiva, retirando o tecido que precisa ser removido, sem lesar as estruturas vizinhas, especificamente o esfíncter, o músculo que controla a urina e a rede de nervos que promovem a ereção.

“Existem casos que identificamos que vão evoluir muito lentamente ou que não vão evoluir, que não são necessários tratar. Por outro lado, existem muitos outros que são agressivos e esse tratamento tem que ser feito com a maior precocidade possível. A cada ano, as cirurgias só evoluem, proporcionando chances maiores de cura e índices melhores de preservação de função sexual e urinária”, afirmou o médico.

Confira o podscast na íntegra: