No Julho Amarelo, hepatologista ressalta importância do rastreamento das hepatites virais

Convidado do Podcast do M!, Raymundo Paraná também falou sobre as formas de prevenção e  criticou programas das unidades básicas de saúde


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Bruno Brito 10/07/2022 08:00 Podcast

A chegada do mês de julho acende o alerta quanto às hepatites virais, infecções que atingem o fígado, gerando alterações leves, moderadas ou graves. No Julho Amarelo, cuja finalidade é reforçar as ações de vigilância, prevenção e controle da doença, ressalta-se também a importância do rastreamento, sobretudo por serem infecções silenciosas – ou seja, assintomáticas.

Segundo o Ministério da Saúde, quando presentes, as hepatites podem se manifestar com sintomas como cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.

Para o médico assessor da Câmara Técnica em Hepatites Virais da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) e do Ministério da Saúde, o hepatologista Raymundo Paraná, realizar os exames para o rastreamento das doenças é de suma importância.

Convidado deste episódio do Podcast do Portal M!, o diretor do Hospital Aliança/Rede D’Or aponta que  checar as enzimas do fígado regularmente é necessário e eficaz para o diagnóstico de doenças hepáticas.

“Nem precisa ser anual, mas é importante checar as enzimas do fígado, é algo que ajuda bastante o diagnóstico de doenças hepáticas. No caso da hepatite, basta fazer uma vez, caso identifique algum fator de risco. Mas, em tese, todo indivíduo acima de 50 anos, uma vez na vida, se deve rastrear o tipo B e C”, recomenda.

No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, as hepatites virais mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C. Existem ainda, com menor frequência, o vírus da hepatite D, mais prevalente na região Norte do país, e o da hepatite E, que é menos comum no Brasil, sendo encontrado com maior facilidade na África e na Ásia.

De acordo com o Ministério da Saúde, o impacto dessas infecções acarreta em aproximadamente 1,4 milhões de mortes anualmente no mundo, seja por infecção aguda, câncer hepático ou cirrose associada às hepatites.

Diante deste quadro, Raymundo Paraná afirma que por se tratar de uma doença silenciosa, as hepatites precisam ser identificadas por rastreamento, fator que reforça a importância das Unidades Básicas de Saúde (UBS).  

“O problema é que, embora tenha avançado nesse sentido, temos que ter um programa de saúde nas unidades básicas valorizado, e profissionais preparados para isso, e hoje não tem uma coisa nem outra. Não temos uma carreira do médico do SUS, o que faz com que muitas pessoas, que ocupam o local, o façam de forma temporária”, critica.

Paraná avalia que há uma grande deficiência na formação de médicos no Brasil em função da multiplicação “absurda” do número de faculdades, o que faz com que médicos sejam “despejados” no país, provenientes de “escolas sem capacidades de formar profissionais”.

“Estamos despejando médicos no país, proveniente de escolas sem capacidade de formar profissionais que possam ter a competência e habilidade para atuar no Sistema Único de Saúde, sobretudo, nas unidades básicas. O Brasil hoje tem mais escolas médicas do que a China, tendo uma população cinco ou seis vezes menor”, pontua o hepatologista.

Paraná seguiu tecendo críticas às escolas médicas e afirmou que elas “se tornaram um grande negócio, financiadas até pelo Estado”. No entanto, ele pondera que não há nenhuma estruturação de avaliação de qualidade e da competência dos egressos dessas faculdades.

“De maneira que estamos em ameaça porque é um médico que não tem formação suficiente para trabalhar nas unidades, que tem uma formação defeituosa, e isso encarece o sistema de saúde. Eu vejo o sistema brasileiro de saúde ameaçado, não só pelo sub-financiamento, mas pela qualidade dos profissionais médicos que estão sendo formados no país. O conceito das unidades básicas é correto, mas a forma que estamos fazendo é equivocada. Então não temos a excelente resposta que queríamos ter”, explica. 

 

Prevenção às hepatites

Quando o assunto é a prevenção às hepatites virais, o hepatologista afirma que no tipo A, a melhor forma de evitar a doença é melhorando as condições de higiene e saneamento básico, além da vacinação. Ele ressalta que a imunização é altamente eficaz e segura, sendo a principal medida de prevenção contra a hepatite A.

“Era uma doença da infância, porque as crianças tinham mais exposição. Mas hoje ela atinge adultos, sobretudo acima de 40 anos, que podem ter uma doença grave. Por isso, a hepatite A é considerada uma doença com um potencial de gravidade nos adultos suscetíveis à doença, e aqueles que não se expuseram na infânciaa devem se vacinar para não correr nenhum risco”, aponta.

Já para o tipo B, existe a preocupação em função do sexo inseguro, sem camisinha, com diversos parceiros. Segundo o especialista, é uma doença que pode ser controlada na atualidade, porque mesmo com o indivíduo infectado, há tratamento no SUS.

“Mas o principal objetivo é dizer que a vacina protege muito bem contra a hepatite B, e está disponível no SUS. Qualquer cidadão pode e deve tomar a vacina contra a hepatite B. Ainda tem muita gente no Brasil que não se vacinou”, alerta.

No tipo C, como não existe vacina, a recomendação é que não se faça o compartilhamento de objetos perfurocortantes. “Então, evitem compartilhar instrumentos, inclusive aqueles de higiene, como escova de dentes, alicate de unhas. Cada um deve ter o seu”, explica.

Para o tipo D, as recomendações são semelhantes às da hepatite B – sexo seguro e vacinação, porque ao se imunizar “contra a B, se previne contra a D”, ressalta Paraná. Já a hepatite E se transmite de maneira semelhante à do tipo A – ou seja, com água e alimentos contaminados, mas os casos são menos frequentes no Brasil.

“Muitos casos são trazidos por viajantes vindos da Ásia e África, e por ser uma zoonose, ela infecta diversos animais, e o consumo de carnes de caça, sobretudo mal cozidas, é uma forma de transmissão bem documentada. Também não tem vacina, mas como a hepatite A, o saneamento básico, consumo de água de boa procedência e alimentos de boa procedência são a melhor maneira de evitar”, recomenda.

 

Confira o podcast na íntegra:

Muita Informação · M! – RAYMUNDO PARANÁ – 2

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