Especialista ressalta importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de cabeça e pescoço

O Julho Verde, campanha que alerta a sociedade para a importância da prevenção do câncer de cabeça e pescoço, é o assunto deste episódio do Podcast do Portal M!, que traz como convidado o representante da Associação de Câncer de Boca e Garganta (ACBG Brasil) na Bahia e cirurgião de cabeça e pescoço do Hospital Aristides Maltez, o médico Lucas Gomes Silva. Ele alerta para a importância do diagnóstico precoce do problema como forma de elevar chance de cura.

Segundo o especialista, durante o Julho Verde, um dos objetivos é tentar conscientizar a população com relação ao câncer de cabeça e pescoço. Isso porque, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), este tipo de câncer é o terceiro em incidência entre os homens, correspondendo a 7,9% dos novos casos estimados. A cada ano, o Brasil tem cerca de 40 mil novos registros desses tumores malignos.

No país, o Inca aponta que o câncer de boca chega a ser o 3º tipo de tumor mais frequente em algumas regiões, ocorrendo sete vezes mais em homens do que em mulheres. Ao todo, são cerca de 10 mil mortes por ano no Brasil, só para os cânceres de laringe e cavidade oral.

De acordo com o cirurgião, o câncer de boca e laringe é o terceiro em incidência entre homens,  à frente até do tumor de pulmão. “Então, é um câncer que tem importância grande na saúde pública e precisa ser conhecido, precisamos saber mais sobre ele. Muita gente acaba não sabendo que a língua, por exemplo, pode ter câncer”, explica o médico.

Fatores de risco

Diante deste cenário, o especialista ressalta a importância da prevenção, o que reforça a necessidade de a população estar atenta aos fatores de risco para doença. Segundo ele, entre os mais importantes está o tabagismo, relacionado a 97% dos diagnósticos de câncer de laringe, além do álcool, que também eleva o risco de desenvolvimento da doença.

“Juntando tabagismo e etilismo, a chance de ter o câncer aumenta em mais de 40 vezes. São fatores evitáveis, que precisamos eliminar por completo, mas se pudermos diminuir já é muito importante”, aponta.

O cirurgião de cabeça e pescoço também alertou para o uso do cigarro eletrônico, que está em alta entre os jovens. Segundo ele, embora as pessoas o utilizem como uma alternativa ao cigarro comum, o item pode também causar o câncer de boca ou esôfago.

“Vale ressaltar que ele tem sua comercialização proibida desde 2009 pela Anvisa, então são produtos piratas, não autorizados. Ele é um passo para o consumo de bebidas, cigarros e [gera] outras lesões que podemos relacionar, como feridas na cavidade oral, úlceras, lábio, língua, bochecha, lesões pulmonares pelos componentes. Então não é isento de riscos e perigos”, reforça.

Vacina contra HPV

Outro ponto destacado pelo especialista foi a vacinação contra o HPV (papilomavírus humano), agente infeccioso que tem contribuído para o aumento na incidência da doença em jovens nos últimos anos, em virtude da falta de uso de preservativos na prática do sexo oral.

“O HPV é um vírus causador do câncer de pênis, do canal anal, do colo de útero e também tem esse fator significativo no câncer de orofaringe, amígdala, língua. E um dos fatores que a gente consegue combater o HPV é a vacina, que está disponível no SUS, no calendário vacinal e deve ser aplicada a todas as pessoas elegíveis”, destaca.

Por fim, Lucas também elencou sinais que podem indicar a necessidade de buscar por assistência médica.

“Uma ferida na pele, na boca, um sangramento nasal, um caroço no pescoço, uma rouquidão. São sintomas que, com 15 ou 20 dias sem melhora, é necessário procurar um especialista, que seria o cirurgião de cabeça e pescoço ou o otorrino, que são os profissionais mais ligados a esses tipos de câncer”, orienta.

Confira a íntegra do podcast: