Colonoscopia é fundamental no diagnóstico precoce do câncer colorretal e pode salvar vidas

Os diagnósticos recentes de câncer colorretal em famosas como as cantoras Simony e Preta Gil – antes, a doença vitimou o ex-jogador de futebol Roberto Dinamite e o Rei Pelé – alertaram a população para os fatores de risco e, sobretudo, para a importância da colonoscopia no rastreamento e diagnóstico precoce da doença. Em alguns casos, o exame pode até prevenir o desenvolvimento deste tipo de câncer.

Convidada deste episódio do Podcast do Portal M!, a médica gastroenterologista Marilia Cristina Ota Nagamine Muricy, que atua no Itaigara Memorial, esclarece os principais aspectos ligados ao câncer de intestino. Ela é formada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e fez residência em Cirurgia e em Endoscopia Digestiva.

Para a médica, uma série de fatores da vida contemporânea colaboram no crescimento da  incidência da doença em indivíduos cada vez mais jovens. Os principais são sedentarismo, obesidade, tabagismo prolongado e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas e alimentos ultraprocessados.

Sobre a colonoscopia, a gastroenterologista ressaltou que o procedimento é o método consagrado, o padrão-ouro na identificação do câncer colorretal. E não apenas na detecção do câncer, mas também na sua prevenção.

“Esse exame acaba tendo esse estigma muito por conta do preconceito. O procedimento pode ser realizado tanto em ambiente ambulatorial quando com o paciente internado. O colonoscópio é um tubo flexível que tem, na sua ponta, uma câmera que permite a avaliação de toda a mucosa do intestino. O exame, no geral, é feito com sedação para promover conforto ao paciente. Nesse procedimento, encontrando algumas lesões, a gente consegue, pelo próprio aparelho, fazer a biópsia. Então ele permite não só o diagnóstico, como também a terapêutica”, detalhou.

Segundo a médica Marilia Cristina Muricy, a orientação atual é que a primeira colonoscopia seja feita a partir dos 45 anos, tanto para homens quando para mulheres, independente de queixas ou sintomas. Anteriormente, a idade recomendada era aos 50 anos, mas, com o aumento da incidência da doença entre pessoas mais jovens, a orientação foi revista.

Para aqueles que têm histórico familiar deste tipo de câncer, a recomendação é diferente. “Cerca de 30% das pessoas que vão desenvolver o câncer colorretal têm algum membro da família que também foi acometido pela doença. Para esses pacientes, é orientado iniciar a realização da colonoscopia a partir dos 40 anos ou dez anos antes da idade do parente quando teve a lesão – o  que vier primeiro”, esclareceu.

Outro alerta importante feito pela especialista é que este tipo de tumor maligno é silencioso e raramente apresenta sintomas nos estágios iniciais, o que atrasa a visita ao médico e o tratamento.  Em 2022, por exemplo, 75% dos pacientes que receberam diagnóstico de câncer colorretal estavam com o tumor avançado, apontam dados do Radar do Câncer, que usa como base as informações do DataSUS. O cenário reforça ainda mais a importância da colonoscopia de rastreio.

“A maioria dos pacientes com câncer colorretal não possui sintomas na fase inicial da doença. Geralmente, este é um câncer muito silencioso. Os sintomas também independem de onde esteja localizado o tumor, seja do lado direito do intestino ou do lado esquerdo”, ressalta Marilia.

“Um dos sinais de alerta que acaba sendo mais comum é a alteração do ritmo intestinal. Quando um paciente era mais constipado e adquiriu um ritmo mais diarreico sem qualquer motivo, ou mesmo quando o paciente era mais diarreico e passa a ser constipado”, explicou a especialista, que destacou também outros sintomas: sangramento anal, quadro de anemia crônica e emagrecimento sem dieta rigorosa ou motivo aparente.

Estatísticas preocupantes

O câncer colorretal é o terceiro tipo mais comum no Brasil, atrás apenas dos tumores de mama (nas mulheres) e de próstata (nos homens).

De acordo com os dados mais recentes do Atlas da Mortalidade por Câncer, do Inca, em 2020, foram registradas 20.245 mortes por câncer no intestino no Brasil, sendo 9.889 óbitos de homens e 10.356 de mulheres.

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Confira o podcast na íntegra: