Cirurgião de cabeça e pescoço aponta avanços na reabilitação vocal de pacientes laringectomizados

Um dos objetivos do Julho Verde é tentar frear o crescente número de óbitos e mutilações graves que comprometem funções vitais como a fala e a respiração. Quem explica é o representante da Associação de Câncer de Boca e Garganta (ACBG Brasil) na Bahia e cirurgião de cabeça e pescoço do Hospital Aristides Maltez, o médico Lucas Gomes Silva, convidado deste episódio do Podcast do Portal M!.

De acordo com o especialista, infelizmente o câncer de laringe e muitos outros tumores de cabeça e pescoço estão associados à mutilação, porque levam à retirada do órgão. Um dos exemplos é a laringe – sem ela, os pacientes ficam sem voz.

“Todo mundo deve se perguntar se já se imaginou sem voz, e eu acho que ninguém se imagina. As coisas acontecem de um dia para o outro, você acorda, faz a cirurgia, e no outro dia, você está sem voz”, aponta.

Para o médico, isso pode afetar não apenas a parte psicológica, mas também fisiológica, porque ocasiona diversos problemas. No entanto, o cirurgião fez questão de ressaltar que, atualmente, os pacientes laringectomizados já conseguem se reabilitar.

“Não só a parte psicológica, mas fisiológica, porque você perde a capacidade de filtrar o ar, de aquecer o ar, a capacidade respiratória, a resistência pulmonar fica diminuída. E esses pacientes conseguem se reabilitar. A reabilitação vocal a gente trabalha junto com uma fonoaudióloga e diversos outros profissionais”, explica.

Segundo Lucas, existem três formas de reabilitação vocal. Uma delas é a voz esofágica, que proporciona ao paciente ter uma voz após “engolir” o ar.

“Em outro caso, se coloca uma espécie de laringe eletrônica, que é aquela voz robotizada, e a outra forma é uma prótese, em que se usa o ar dos pulmões para emitir a voz”, aponta.

Avanços no tratamento

Já quando o assunto é o avanço no tratamento de câncer, o cirurgião afirma que há boas notícias,  sobretudo com as técnicas de cirurgias menos invasivas, além das abordagens medicamentosas menos agressivos.

“São diversos avanços. O câncer está atualmente depois das doenças cardiovasculares, que mais matam no mundo, então é necessário investimento e pesquisa para o avanço. Temos diversas técnicas cirúrgicas menos invasivas, tratamentos menos agressivos, como radioterapia, quimioterapia, outras drogas também, imunoterapia. Tudo isso está junto nessa evolução da medicina, que vem também para o pacientes do câncer de cabeça e pescoço”, aponta.

Confira a íntegra do podcast: