Graduados que trabalham informalmente são recorde no Brasil

A pandemia de Covid-19 fez um número recorde de brasileiros com curso superior aderir ao trabalho por conta própria. No terceiro trimestre de 2021, foram 4,03 milhões de pessoas graduadas decidindo fazendo bicos ou se tornando empreendedores, o maior deste período desde 2015.

Desse grupo, os sem CNPJ, que provavelmente estão em situação mais precária, correspondem a 2,1 milhões, 14,1% a mais na comparação do terceiro trimestre de 2021 com o mesmo período de 2019, antes da pandemia. As informações são da Folha de S.Paulo.

Já os com CNPJ chegaram a 1,93 milhão, 37,2% a mais, de acordo com a pesquisadora Janaína Feijó, do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas). As estatísticas foram retiradas da Pnad (Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios) Contínua. 

Segundo Feijó, a pandemia levou 259 mil trabalhadores a fazerem bico para não ficar sem trabalhar. “Nesse universo, está o engenheiro que virou motorista de aplicativo ou o balconista de loja que virou entregador de comida”, explicou.

“A pandemia fez sofrer ainda mais os trabalhadores com menor qualificação, mas os dados mostram que mesmo os que tinham ensino superior foram obrigados a fazer movimentos bruscos de carreira”, complementou.

O número de trabalhadores por conta própria com ensino superior também aumentou desde o início da pandemia. Até o terceiro trimestre de 2019, os graduados que faziam bico eram 9,5% dos autônomos sem registro, já os com CNPJ representavam 28,6% dos formalizados. Em 2021, esses valores subiram para 11% e 30,9%, respectivamente.