“Estamos vivendo um momento de oportunidades no mercado internacional”, avalia presidente da Faeb sobre o agronegócio brasileiro
Segundo Humberto Oliveira, o conflito no leste europeu tem provocado uma desaceleração na oferta de alimentos para a Ásia e o Oriente Médio
Mesmo com a guerra na Ucrânia com as séries de sanções econômicas para frear a investida militar da Rússia, o Brasil tem conseguido se destacar no cenário de exportações de alimentos. Segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb), Humberto Miranda Oliveira, o momento é de oportunidades, uma vez que o conflito no leste europeu tem provocado uma desaceleração na oferta de alimentos para a Ásia e o Oriente Médio.
Com baixa oferta, eventualmente provocando uma desestruturação em alguns países, o Brasil teve como uma ferramenta importante as linhas de crédito do “Plano Safra 22/23”, que deve estar disponível ainda nesta semana, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O projeto visa financiar quatro núcleos inseridos no agronegócio brasileiro, como a Subvenções econômicas no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf); Operações de custeio agropecuário; Operações de comercialização de produtos agropecuários e as operações de investimento rural e agroindustrial.
“Estamos vivendo um momento de oportunidades no mercado internacional. A guerra [da Ucrânia] desestruturou a oferta de alimentos e muitos consumidores importantes, como Ásia e o Oriente Médio, localidades onde têm países com uma população muito grande e que precisam, dependem de países produtores de alimentos como o nosso Brasil. Então, nós precisávamos do plano Safra para aproveitar esse momento de mercado internacional para que nós possamos colocar os nossos produtos em outras partes, em outros mercados. Para se ter uma ideia, nesse último trimestre aumentou em 30% a exportação da carne brasileira. Isso é importante para a geração de emprego e renda e valorização do produto nacional”, avaliou Humberto Oliveira.
“Então, a questão do plano Safra foi fundamental para que tivéssemos um plano robusto que fizesse com que o recurso movimentasse esse setor brasileiro, que é o único que nós conseguimos a nível mundial ser protagonista. Então, um aumento de 36% que aconteceu no plano Safra 22/23 é realmente para se comemorar. A gente tem que agradecer ao governo por isso, que teve essa sensibilidade de entender que era um momento de ter dinheiro na mão do produtor para que pudéssemos produzir cada vez mais”, acrescentou durante entrevista com o editor-chefe do Portal M!, Osvaldo Lyra, no programa Nova Manhã da rádio Nova Brasil FM, desta quarta-feira (20).
Brasil no mapa da fome
Um levantamento feito pela Organização das Nações Unidas (ONU), colocou o Brasil novamente no Mapa da Fome. O percentual para que um país entre no Mapa da Fome da ONU é quando mais de 2,5% das pessoas estão sem alimentos. No Brasil, o indicativo atingiu 4,1% da população.
Na avaliação de Humberto, o problema não se dá a falta de alimentos, mas, sim, a perda de poder aquisitivo da população. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram contabilizados somente no 1º trimestre de 2022 cerca de 11,9 milhões de desempregados, margem equivalente a 11,9% da população.
“Porque tem aumentado o mapa da fome no mundo e aqui no Brasil? Não por falta de alimentos, mas por falta de poder aquisitivo para a população. A única observação que fizemos é que esse dinheiro [plano safra] seja desburocratizado. Ele precisa ter rapidez para chegar na mão do produtor, principalmente do pequeno produtor que, inclusive, teve um aumento significativo nos recursos para esse público. Então, a gente tem pressionado para que esse pequeno produtor tenha facilidade acesso a esse recurso para poder movimentar a economia das pequenas cidades, do interior do nosso estado”, pontuou Humberto.
“Nosso estado é extremamente agrícola. Se viajar pelo interior é possível ver a importância que tem o pequeno produtor no alimento que chega à nossa mesa. Então, o plano agrícola chega como uma ferramenta de crédito para ajudar na manutenção e no desenvolvimento do setor agropecuário brasileiro”, emendou o presidente da Faeb.
Humberto também explicou que o setor agropecuário tem a particularidade de gerar emprego em outros setores, no comércio, mercado, feiras livres, nas quitandas das periferias, assim como na indústria. “O setor gera emprego na indústria de automóveis, tratores, peças e etc. Então, quando o setor vai bem, como tem acontecido nos últimos anos, acaba puxando e sendo o locomotor da economia do Brasil, puxando outros setores também para que possam contribuir para a geração de emprego e renda”, disse.
O agro e o PIB do Brasil
Embora o PIB do setor agropecuário tenha iniciado o ano com decréscimo de 0,8% no primeiro trimestre, Humberto avalia que a expectativa é boa para o crescimento, principalmente na Bahia, uma vez que o clima tem sido favorável para o crescimento das culturas.
Segundo pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a queda, que foi registrada tanto no ramo agrícola (-0,75%) quanto no pecuário (-0,96%), esteve atrelada, em grande medida, à forte alta dos custos com insumos na agropecuária e também nas agroindústrias. Alta que se dá, principalmente, por conta da interferência da guerra no leste europeu entre a Rússia, que é o maior exportador de insumos para a agricultura, além do petróleo, com a Ucrânia, líder de produção de milho e o sexto maior exportador de trigo entre os anos de 2020/21.
“A expectativa é muito positiva. Do ponto de vista do Brasil, nós tivemos alguns problemas, como a seca que houve no sudeste e no sul do país, onde houve uma quebra muito grande na produção de soja e algodão. Milho teve uma produção boa em alguns estados, até superior ao ano de 2021, mas aqui na Bahia em especial, nós tivemos uma condição climática mais favorável e o clima é fundamental para o resultado da agropecuária brasileira”, analisou Humberto.
“Por que? Porque nós somos uma indústria a céu aberto e o clima interfere diretamente nessa questão. Aqui na Bahia tivemos um clima mais estável, com as chuvas bem distribuídas e algumas culturas, como grãos, devem bater esse ano recorde de produção, passando de 11 milhões de toneladas o que é muito bom do ponto de vista econômico, tanto para a geração de emprego, tanto para o PIB e, inclusive, para as exportações onde aqui no nosso estado o setor agropecuário é responsável por mais de 50% de tudo que a Bahia exporta”, explicou o presidente da Faeb.
Mesmo a Bahia sendo um estado que tem polo petroquímico, indústrias e minérios, que são pontos importantes que contribuem para a exportação estadual, o setor agropecuário tem batido na frente com 40%, 50% do total exportado para o exterior. “E, em alguns trimestres, até passando da metade de tudo que o estado exporta. Então, isso é muito bom”, comemorou Humberto.
Confira a entrevista na íntegra:
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