Empregos digitais pagam quase o dobro dos salários do mercado

Diante de gargalos como a falta de capacitação e de mão de obra qualificada, este tipo de trabalho  representa apenas 3% das ocupações no Brasil


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Ana Paula Ramos 16/12/2022 23:00 Negócios

Enquanto empregos tradicionais perdem espaço no Brasil, diante de um mercado de trabalho que vem sendo precarizado e tem alto índice de informalidade, os empregos digitais caminham na direção oposta.

Nos últimos anos, as ocupações relacionadas às atividades digitais vêm crescendo num ritmo superior às demais – e não à toa: pagam salários em média 94,4% maiores, segundo pesquisa do Movimento Brasil Competitivo (MBC) em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV).

Ainda assim, diante de gargalos como a falta de capacitação e de mão de obra qualificada, representam apenas 3% das ocupações no país.

A pesquisa leva em conta as profissões essencialmente digitais, em áreas como programação, tecnologia da informação, análise de sistemas cibersegurança e automação de processos, com base em informações de 2020 – último dado disponível pela Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho, que só será atualizado após o Censo de 2022.

“Não se trata de economia digital, e sim de digitalização da economia. Por isso, não estamos falando de serviços como motoristas por aplicativo, mas sim de como a tecnologia pode transformar o processo produtivo e torná-lo mais eficiente, trazendo mais produtividade e competitividade”, explica Tatiana Ribeiro, diretora-executiva do Movimento Brasil Competitivo.

Segundo a pesquisa, nos últimos cinco anos, as ocupações relacionadas às atividades digitais cresceram num ritmo 4,9% superior aos demais empregos. Mesmo assim, a representatividade dessas vagas ainda é pequena no mercado de trabalho por causa da falta de mão de obra qualificada para suprir a crescente demanda, afirma Tatiana.

“É uma demanda que exige capacitação de qualidade. A gente precisa da política pública alinhada, olhando para a demanda local, para que a gente possa formar pessoas nessa área de tecnologia e avançar nessa agenda. É um gargalo estrutural que o Brasil precisa enfrentar”, explica.

 

Produtividade maior

De acordo com o estudo, além dos salários mais altos, a produtividade dos empregos digitais é três vezes superior à das demais áreas.

“Se a gente avança na ideia de conseguir resolver o gargalo da capacitação e coloca mais pessoas ligadas a essas áreas no mercado de trabalho, isso pode trazer um ganho de produtividade para a economia como um todo, que é um indicador que está estagnado na economia brasileira nos últimos 30 anos”, observa.

Ela destaca que a pandemia de Covid-19 aproximou as empresas da tecnologia, sobretudo nas áreas de comércio e serviços, mas ainda num nível superficial, que não resolve o problema da falta de capacitação especializada.

“A pandemia acelerou a digitalização, mas ela foi mais focada em canais, em plataformas, principalmente na comercialização de serviços. Precisamos avançar nesse nível de maturidade, no uso de ferramentas digitais no setor produtivo”, diz ela.

“O setor da construção civil, por exemplo, ainda está bastante distante de usar tecnologia nos seus processos de negócio, mas a gente vê que a indústria, por exemplo, avançou bastante, assim como o agronegócio, que sempre se destacou nessa área”, diz.

 

Indústria em alta

A indústria ganhou destaque na implementação de novas tecnologias, que vêm mudando a cara do setor: a indústria 4.0, com uso de automação e inteligência artificial. Segundo pesquisa da Confederação Nacional da Indústria, nos próximos quatro anos, os empregos na área de automação industrial e mecatrônica, por exemplo, devem crescer 47%.

“Hoje na indústria, dependendo da área, entre 10% e 20% das novas vagas já são ligadas a trabalhos digitais”, explica Felipe Morgado, superintendente de Educação Profissional e Superior do Senai.

Ele destaca que o interesse por essas áreas vem crescendo. “No Senai, em 2019, foram 225 mil matrículas na área de TI. Só este ano, até outubro, foram 396 mil”, afirma.

Ele destaca que, mais do que o salário, o maior chamariz para os interessados nesse tipo de formação tem sido a empregabilidade.

“Chega a 91%, é muita coisa. Outro ponto é o teletrabalho, a possibilidade de trabalhar de forma remota. Além disso, o contato com a tecnologia atrai muito a juventude. A gente mudar um pouco a imagem da indústria, de mais manual e tradicional para mais tecnológico”, projeta.

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