“Consumidor vai estar bastante endividado em 2022”, afirma presidente da Fecomércio

O ano de 2022 se aproxima e com ele as expectativas do comportamento do mercado financeiro. O Portal M! ouviu o presidente da Fecomércio- BA, Carlos Andrade, com o objetivo de compreender melhor as projeções e saber se é possível ser otimista. “A projeção para 2022 é negativa em 1% com o cenário de inflação, desemprego e crédito caro”, afirmou.

Andrade também destacou que a economia está distante de celebrar uma recuperação sólida e explicou que não só a pandemia foi responsável por essa retração. A alta taxa de juros e o câmbio elevado também impactaram. “Há muitos fatores, positivos e negativos, para o quadro econômico e de consumo para 2022. O que importa é que a economia está longe de comemorar uma recuperação sólida de longo prazo. O trajeto será desafiador, como tem sido nos últimos anos”, detalhou.

“A instabilidade econômica do país é muito prejudicial ao comércio de uma maneira geral. São oscilações da taxa de juros, do câmbio, de inflação, de desemprego, entre outras variáveis que alteram o desempenho do setor de forma muito rápida, dificultando o planejamento de longo prazo do empresário”, acrescentou.

Ele ainda pontuou políticas públicas que foram empregadas de forma equivocada no passado o que traz prejuízos até o presente momento.

“Evidentemente, o caso atual pode ser explicado pela pandemia inédita ocorrida no mundo. Porém, no passado, foram políticas econômicas equivocadas que levaram o país a reviver um cenário de inflação elevada e de desemprego. Desajustes fiscais, gastando-se mais do que se arrecada, só atrapalham o crescimento, trazendo mais inflação, aumento de juros e crescimento econômico limitado”, disse.

Diante desse contexto de fim de ano, Carlos Andrade fez um balanço sobre as expectativas para o setor e ponderou que 2022 será marcado por um ano em que o consumidor estará altamente endividado.

“Com o resultado projetado de 9,6% para este ano de 2021, o varejo baiano concluirá uma década que se pode denominar como perdida para o setor. De acordo com cálculos feitos pela Fecomércio-BA, de 2012 a 2021, o comércio cresceu em média 0,4% por ano, ou seja, próximo a estabilidade. Já o que fica claro para o cenário de 2022 é que será de um consumidor endividado, sofrendo com uma inflação elevada, acima de 6%, e com pouca oportunidade no mercado de trabalho.”, pontuou.

“Isso porque, ano que vem é ano eleitoral, o que acarreta em riscos para a economia, sobretudo sob a cotação do Real. Além disso, com o Banco Central subindo a taxa de juros para próximo de 10% ao ano, haverá um freio importante nos investimentos, variável fundamental para a geração de empregos e renda”, concluiu.