Avaliações negativas no TripAdvisor relatando assédio de ambulantes preocupam empresários do Pelourinho

Godoi é morador de Brasília e decidiu fazer uma viagem com a namorada. Resolveram visitar Salvador para conhecer o Pelourinho. O plano perfeito para dias de descanso acabou sendo considerada por eles como “a pior experiência impossível”. O casal se sentiu incomodado com o assédio dos ambulantes do Centro Histórico de Salvador.

Para se ter uma ideia, logo após descer do veículo que os transportava eles foram abordados por quatro pessoas que ofereceram pinturas e fitinhas do Senhor do Bonfim. O susto piorou quando eles foram questionados se pagariam o valor de R$50,00 pela pintura, que havia sido oferecida como cortesia, por meio do PIX ou dinheiro.

“Achei uma falta de respeito e picaretagem não terem falado que tinha um custo e nem terem perguntado se realmente queríamos fazer essa pintura. Eu disse que não ia compactuar com isso e não ia pagar. Chamei o Uber e imediatamente fomos embora. Nem teria problema em pagar, desde que tivesse sido acordado antes”, avaliou. Relatos como o de Godoi, estão disponíveis no siteTripAdvisor, um dos maiores portais de viagens do mundo.

Quem assistiu ao filme ‘Ó Paí, Ó’, deve lembrar da frase icônica”me pinte aqui pro Timbalada?”,  que mostrou para o mundo que a pintura no corpo também faz parte da cultura soteropolitana.

Depois do grande sucesso, a pintura virou mais um serviço nos pontos turísticos da cidade.  

José Iglesias Garcia é presidente da Associação do Centro Histórico Empreendedor

Para o presidente da Associação do Centro Histórico Empreendedor (ACHE), José Iglesias Garcia, os símbolos da cidade estão virando instrumento de coação dos turistas.” Os nossos ícones estão praticamente negativados”, afirma o empresário. 

“Esses caras que fazem pintura tribal viraram uma verdadeira epidemia. Quase todos os comentários no TripAdvisor falam deles. Esta é uma atividade que já foi proibida pela Vigilância Sanitária. Quando você pega um pincel e pinta todo mundo, existe a possibilidade do contágio direto. As pessoas precisam entender isso. A fitinha do Senhor do Bonfim também virou hoje o maior instrumento de coação que pode existir”, pontua Iglesias. 

De acordo com ele, é necessário resolver este “problema gravíssimo”, porque afeta toda a cadeia produtiva do turismo no Centro Histórico de Salvador. Para o empresário, é preciso que o poder público tenha uma postura mais enérgica.

“Precisa haver leis, se não existe leis, fica todo mundo de braços atados. Você não consegue distinguir os bons dos maus [ambulantes], porque não existe uma identificação, não existe um crachá, você não sabe quem é quem”, desabafa.

“Do outro lado também tem famílias, tem toda uma cadeia produtiva. Existem hotéis, pousadas e restaurantes. Nós precisamos que o turismo funcione. Que o Centro Histórico, por ser o principal atrativo turístico, que ele funcione. As nossas mazelas sociais não podem impactar diretamente na principal atividade econômica da cidade”, finaliza.