Sarajane afirma que a falta de união entre artistas baianos dificulta crescimento do Axé Music

Uma das pioneiras do Axé Music, a cantora Sarajane, 54 anos, fez enorme sucesso no final dos anos 1980 com a música “A roda” e segue divulgando a cultura nordestina pelo seu trabalho musical.

Em entrevista para o programa Nova Manhã, da rádio Nova Brasil FM (104,7 FM), comandado pelo editor-chefe do Portal M!, Osvaldo Lyra, a cantora que começou a carreira musical aos 14 anos afirma que a falta de união entre artistas baianos dificulta o crescimento do Axé Music.

“Quando eu estourei nacionalmente, eu levei comigo todo mundo que estava aqui fazendo sucesso só na Bahia e levei nacionalmente para abrir os meus shows. É o que falta, se você ver as pessoas que estão estouradas em Salvador, elas não se preocupam”, diz Sarajane.

A cantora lembra que realizou convites a Margareth Menezes, Edson Gomes e Carlinhos Brown -que era seu percussionista no início da carreira- e ressalta que atualmente essa atitude não parte de outros grandes artistas. Essa ação de apoio, inclusive, é bastante presente entre os sertanejos, o que faz esse estilo musical crescer a cada dia.

“As pessoas precisam entender que quando o colega, convida para cantar nos seus shows, ele não está ajudando o colega, mas está fortalecendo as raízes, porque quando os turistas vêm a Salvador querem ouvir os baianos cantando”, pontua.

A falta da união entre os artistas baianos está, segundo Sarajane presente também nas redes sociais. Ela cita que em 2020 chegou a gravar um disco em homenagem aos 30 anos do Axé Music, que reuniu grandes nomes do estilo musical e parte dos convidados não se preocuparam em realizar a divulgação na internet. “Não curtem e não mostram que gravaram”, declara.

Turismo afetado

Sarajane também levanta a questão sobre os impactos no turismo que essa falta de união pode gerar para a Bahia.

“Se observar o turismo em Recife está muito maior do que Salvador, exatamente pelo apoio a cultura. Não existe um artista em Recife que trabalha no Carnaval e fica o ano inteiro dentro de casa vivendo daquele dinheiro. Eles estão trabalhando, no Rio, em São Paulo, levando a música dele para fora do Brasil”.

Apoio do poder público

A cantora segue viajando pelo Brasil para divulgar o estilo musical.

“Semana que vem estou indo para São Paulo. Vou fazer show para 50 mil pessoas no Largo do Arouche. A gente está levando o nome de Salvador, mas quando você não tem apoio é muito complicado, porque você acaba trabalhando para pagar o seu trabalho e você não é reconhecido.

Na Bahia, o show no Pelourinho para o Dia das Mães deste ano segue marcado, porém, devido a falta de apoio financeiro, a artista ameaça encerrar o projeto.

“Estou fazendo show no Pelourinho, tenho apoio da Secretaria de Cultura no palco, som, espaço público, mas eu pago os meus músicos do meu bolso. Acho mal porque estou vindo de uma pandemia e preciso colocar essa estrutura para funcionar. Devo parar de fazer esses shows por falta de apoio. Não tenho estrutura financeira para bancar os shows”.

Confira a entrevista: