De lona nova, Picolino reabre as portas para receber líderes comunitários de Pituaçu neste fim de semana

Já cantava Elis Regina, “a esperança equilibrista sabe que o show de todo artista tem que continuar”. E soou como uma licença poética da canção composta por João Bosco e Aldir Blanc, em 1977, o anúncio do retorno das oficinas presenciais do Circo Picolino a partir deste sábado (29). 

A volta aos palcos ocorrerá de forma gradual neste período de pandemia de Covid-19, garantiu o coordenador do circo, Robson Mol. Neste sábado, às 15h, e no domingo (30), às 10h, os tutores do Picolino vão promover oficinas com líderes comunitários de Pituaçu. 

Além da volta às atividades na pandemia, a iniciativa também marcará a inauguração de uma lona nova, substituída após o equipamento rasgar, no início do ano passado. 

“Nós conseguimos uma doação da lona em junho de 2020. Fizemos todos os ajustes de adaptação ao espaço, e devemos estrear neste final de semana, com as oficinas de circo para líderes comunitários. Esses encontros terão o objetivo de capacitá-los como multiplicadores destes conhecimentos”, explicou Robson.

O coordenador do Picolino acrescenta que os alunos dessas oficinas serão  “jovens líderes (com grande atuação na comunidade), que já possuem um trabalho corporal”.

Dificuldades na pandemia

Até a decisão sobre o retorno às atividades educativas presenciais com a implantação da lona nova, o Circo Picolino passou muitas dificultades ao longo da pandemia. Além da morte do fundador do projeto, Anselmo Serrat, em março do ano passado, vítima de câncer, o espaço sofre com a impossibilidade de promover shows circenses devido à crise sanitária.

Graças ao apoio da Fundação Gregório de Matos (FGM), com o edital do projeto Boca de Brasa, e à vigência da lei que leva o nome do compositor de O Bêbado e o Equilibrista – Lei Aldir Blanc, o Circo Picolino conseguiu adaptar projetos educativos para o meio virtual.

“Além de promover lives de espetáculos ao longo do ano passado, nós também conseguimos gravar vídeos tutoriais de circo para passar o conhecimento às pessoas”, contou Robson. 

Na programação citada por ele, havia tanto os vídeos destinados ao público em geral, como cursos focados em crianças e nos pais ou responsáveis.

“Neste, foram ofertadas mais de 80 vagas para um curso de 12 aulas, ao longo do segundo semestre, sendo que os encontros virtuais eram realizados sempre no sábado”, explicou.

Projetos futuros

Mesmo com a confirmação da estreia da lona nova e da oficina com líderes comunitários neste final de semana, Robson Mol hesita em projetar novas iniciativas. Em meio ao crescente número de casos de Covid em Salvador, o medo de uma “terceira onda da pandemia” e de uma “lenta vacinação” anulam  quaisquer possibilidades de definir uma programação.

“A oficina deste sábado será um teste para nós, para vermos se há a possibilidade de promover oficinas com segurança. Se não, teremos de manter as atividades virtuais”, disse. 

Quanto ao financiamento dos projetos do Picolino, o edital da FGM tem validade prevista para junho deste ano.

Procurada pelo Portal M!, a fundação informou que o vínculo com o circo vai acabar a partir do fim do edital. “As ações da FGM são, em geral, via edital”, disse a assessoria de comunicação da FGM.

No momento, além de doações feitas via transferência bancária ou PIX (saiba mais aqui), os projetos do Circo Picolino terão apoio do Fundo de Cultura do Estado da Bahia (FCBA), vinculado à Secretaria Estadual de Cultura (Secult-BA).