Zagallo, único tetracampeão mundial de futebol, morre aos 92 anos no Rio

Jornada do ‘Velho Lobo’, marcada por títulos, paixão pela Seleção e pioneirismo como jogador e treinador, deixa saudades e um legado eterno


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redacao 06/01/2024 09:00 Coluna Ohh!

A história mais vitoriosa do futebol brasileiro teve seu capítulo final no início da madrugada deste sábado (6), no Rio. Aos 92 anos, Mario Jorge Lobo Zagallo morreu. Seu legado para o mundo da bola é imensurável: foi multicampeão por onde passou, além de sempre ter se mostrado um apaixonado pelo Brasil e pela Seleção.

Carismático, supersticioso – era obcecado pelo número 13 – e com fama de ‘pão duro’, era atacante e foi um dos primeiros pontas a voltar para ajudar na marcação. Jogador técnico, de extrema obediência tática, tornou-se um treinador capaz de motivar seus comandados mesmo nos momentos mais difíceis. O ‘Velho Lobo’, que presenciou o ‘Maracanazo’ de 1950 e depois esteve presente em quatro dos cinco títulos mundiais brasileiros, deixará saudades.

A morte foi comunicada pelo perfil oficial de Zagallo no Instagram. “Um pai devotado, avô amoroso, sogro carinhoso, amigo fiel, profissional vitorioso e um grande ser humano. Ídolo gigante. Um patriota que nos deixa um legado de grandes conquistas”, diz a nota. “Agradecemos a Deus pelo tempo que pudemos conviver com você e pedimos ao Pai que encontremos conforto nas boas lembranças e no grande exemplo que você nos deixa”.

Alagoano, nascido em 9 de agosto de 1931, Zagallo e sua família migraram para o Rio de Janeiro quando ele tinha apenas oito meses – seu pai, representante de uma fábrica de tecidos de propriedade do seu tio, precisava trabalhar. Criado no bairro da Tijuca, começou no futebol como quase toda criança – jogando com os amigos na rua. Sua primeira bola foi um presente de uma vizinha, que o viu chutando pedrinhas numa calçada.

Aos poucos, o esporte foi crescendo em sua vida. Seu pai, Haroldo, que em Maceió foi jogador do CRB, comprou um título do América Futebol Clube. Lá, ele disputava torneios de natação, tênis de mesa e futebol. Aos sábados, então com 14 anos, Zagallo percorria campos da cidade, disputando – e conquistando – festivais.

Destacava-se dos demais pelo bom preparo físico e pela excelente visão de jogo, em campos de terra batida e numa época de bolas pesadas e avermelhadas Tempos depois, foi incluído na equipe juvenil do América, onde ficou por dois anos, em 1948 e 1949, e, de longe, observava a construção do Maracanã, maior templo do futebol nacional.

Aos 18 anos, como todo garoto, Zagallo precisou se alistar ao Exército do Brasil. Meses antes da Copa do Mundo de 1950, foi junto com seu pelotão retirar as madeiras que serviram para a construção das arquibancadas do estádio. Conseguiu folgas para ver de pertinho todos os jogos da Seleção Brasileira, mas na finalíssima contra o Uruguai, não conseguiu fugir do serviço.

Em entrevista ao Estadão em 2011 ele se recordou do dia da decisão. “Eu estava lá, de verde-oliva, cassetete, capacete, ‘bate-bute’. Na arquibancada, eu deveria ficar de costas para o campo, mas vi perfeitamente o gol fatal do Gigghia. Aquele delírio de antes do jogo, com 200 mil pessoas acenando lenços, acabou tudo ali, na hora do gol”, descreveu.

Fora do serviço militar, Zagallo voltou aos gramados e logo transferiu-se para o Flamengo. No rubro-negro, aumentou sua lista de conquistas iniciada nas categorias de base do América – em toda carreira como jogador foram nada menos do que 50 títulos Entre os mais importantes pelo clube da Gávea, esté o tricampeonato carioca em 1953, 1954 e 1955.

Suas grandes apresentações lhe valeram uma oportunidade na Seleção Brasileira treinada por Vicente Feola, que se preparava para o Mundial de 1958. Eram três craques para duas posições – Pepe, Canhoteiro e Zagallo.

“Na minha estreia pela Seleção, no Maracanã, contra o Paraguai (em 4 de maio de 1958), ganhamos de 5 a 1, e eu fiz dois gols. Mas em outro amistoso com a Bulgária, no Pacaembu, eu olhei a escalação e não vi o meu nome. Fiquei preocupado, estávamos às vésperas da Copa do Mundo na Suécia. Então, o médico Hilton Gosling me chamou num canto e disse: ‘Fica quieto, você já está escolhido. Agora o Pepe e o Canhoteiro vão disputar uma vaga'”, relemnbrou.

Zagallo conseguiu mais do que ser convocado. Foi titular e marcou o quarto gol na vitória por 5 a 2 contra a Suécia na final da Copa de 1958.

Zagallo retornou da Europa em outro patamar e transferiu-se para o Botafogo, onde conquistou dois Torneios Rio-São Paulo e ainda foi bicampeão carioca em 1961 e 1962. Em alto nível, foi chamado por Aimoré Moreira para a Copa do Mundo do Chile, em 1962. Lá, com a contusão de Pelé, ajudou a liderar o time que trouxe para o país o bicampeonato mundial de futebol.

“Aquela Seleção era uma equipe mais velha, com vários jogadores acima de 30 anos. Só fomos campeões porque a evolução física ainda não tinha chegado ao mundo do futebol, então levamos aquela Copa na base da experiência mesmo”, reconhece.

Após o segundo título, Zagallo ainda atuou por mais alguns anos no Botafogo, mas logo encerrou sua carreira de jogador e deu início à mais uma trajetória de sucesso, agora como treinador. Sua primeira equipe foi o próprio Botafogo, onde logo conquistou o bicampeonato carioca (1967-1968) e o título brasileiro de 1968

Em 1970, ao assumir o lugar de João Saldanha às vésperas da Copa do Mundo, foi o comandante da maior Seleção Brasileira de todos os tempos. Com craques como Pelé, Tostão, Gerson e Rivellino, o Brasil venceu os sete jogos do Mundial. Ele foi ainda o técnico da Copa seguinte, na Alemanha, em 1974.

Na carreira, Zagallo passou pelo Botafogo em quatro oportunidades, Flamengo por três vezes, Vasco, duas vezes, além de Fluminense, Al-Hilal, Bangu e Portuguesa. Dirigiu ainda as seleções do Kuwait, Arábia Saudita e Emirados Árabes.

‘Zagallo Eterno’ tem 13 letras

O Velho Lobo transformou o temido número 13, de tantas histórias horripilantes, em uma marca positiva e de sucesso em sua carreira. Várias foram as histórias e coincidências – embora ele jurasse que não era por acaso – em que o 13 apareceu em sua vida.

A relação com o número começou quando ele casou com Alcina de Castro Zagallo, com quem ficou por 57 anos. Ela era devota de Santo Antônio, cujo dia é comemorado em 13 de junho.

A partir daí, tudo começou. Sua primeira Copa do Mundo foi conquistada em 1958: 5+8 = 13. Em 1966, virou treinador e, no ano seguinte, já foi campeão carioca pelo Botafogo: 6+7 = 13. Anos depois, conquistou a Copa do Mundo de 1994, como auxiliar de Carlos Alberto Parreira: 9+4=13.

Aliás, o Mundial disputado nos Estados Unidos ficou marcado para o Velho Lobo por duas previsões que ele fez, tendo como referência o seu número preferido. Durante a preparação para o torneio, ele avisou que o Brasil seria campeão porque o nome dos patrocinadores da Seleção, Umbro e Coca-Cola, juntos, somavam 13 letras. E tetracampeões também tem 13 letras.

Outra previsão veio durante a decisão por pênaltis entre Brasil e Itália na final da Copa. O placar estava 3 a 2 para o time brasileiro quando Roberto Baggio foi para cobrança. Neste momento, Zagallo virou para Parreira, que não queria ver as cobranças, e avisou que o italiano não faria o gol.

Como já sabido, Baggio, a estrela daquela seleção italiana, mandou por cima do gol de Taffarel, e o Brasil foi tetracampeão mundial. Ao final do jogo, a revelação. Zagallo disse que o motivo da confiança era um só: o nome Roberto Baggio tem 13 letras. E o mais curioso é que ele se deu conta disso no momento da decisão por pênaltis.

Zagallo deixa uma história marcada por muitos títulos, manias, superstições e a certeza de que o número 13 pode não ter feito com que sua carreira fosse tão brilhante, mas psicologicamente o ajudou a ter confiança em momentos decisivos e ajudou a transformá-lo também em um personagem folclórico do futebol brasileiro.

“Brasil campeão tem 13 letras”, sempre repetia Zagallo. 

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