“Não chorava e não tinha excitação sexual”, diz Caetano Veloso sobre prisão em 1968

O cantor baiano Caetano Veloso participou, na madrugada deste sábado (5), do programa “Conversa com Bial”, da TV Globo, e recordou dos tempos amargos da época da ditadura. “Eu não chorava e não tinha nenhuma excitação sexual. Mesmo que eu buscasse, era impossível”, revelou.

Caetano será o personagem do documentário Narciso em Férias, que vai abordar os 54 dias que ele passou encarcerado durante a ditadura militar, período marcado pela repressão. Na entrevista, Caetano disse que, somente após ter sido transferido para outro quartel, é que a libido voltou.

“No terceiro estágio da prisão, fui transferido para os ‘paraquedistas’, e lá eu ficava sozinho em uma cela que tinha uma cama e um banheiro com chuveiro. Era como se fosse uma suíte. E com esse relativo bem estar, quando a Dedé [Gadelha] me visitava, foi que renasceu o desejo sexual”, disse o cantor de 78 anos.

Ele e Gilberto Gil foram retirados de suas casas em São Paulo por agentes à paisana, duas semanas após a decretação do AI-5, em 27 de dezembro de 1968. À época, o regime militar proibiu que jornais divulgassem a prisão.

Selecionado para o 77º Festival de Veneza, que foi aberto no último dia 2 e prossegue até 12 de setembro, na Itália, o filme é dirigido por Renato Terra (Uma Noite em 67) e Ricardo Calil (Cine Marrocos). O documentário será exibido nesta segunda-feira (7) pelo canal de streaming GloboPlay.